quarta-feira, 21 de março de 2018

O ódio e suas consequências

Fuzilamentos - O discurso de ódio se justifica, sempre, na impossibilidade de combater ideias das quais se discorda. Os xingamentos e ofensas se tornaram meios de encerrar qualquer discussão e de provocar ações violentas e, assim, podem acabar tendo consequências muito graves. Quem age assim acaba por influenciar outras pessoas. Ao se expressar de modo odioso, o indivíduo acaba reforçando pensamentos que a civilização humana já superou, como o racismo e a homofobia, por exemplo. O assassinato brutal da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, um fato triste e lamentável, vem servindo de motivo para manifestações de ódio, especialmente nas redes sociais, em contraposição com os avanços civilizatórios dos últimos tempos. O comportamento odioso, desgraçadamente, não se restringe ao episódio mais recente, mas se dirige, em várias ocasiões, a pessoas comprometidas com os mais pobres. Além de pretender espalhar uma onda de ódio na população, o posicionamento tem o objetivo, não confessado, de legitimar fuzilamentos e execuções.

Amplificação - A postagem da desembargadora Marília Castro Neves contra Marielle Franco não é um fato isolado. Ela acusou a vereadora de estar envolvida com bandidos que, segundo a desembargadora, a teriam apoiado na campanha eleitoral. Um deputado federal do DEM acusou Marielle de ter sido casada com um conhecido traficante. As informações da desembargadora e do parlamentar foram desmentidas posteriormente por seus autores, mas, desgraçadamente, já haviam cumprido o objetivo de espalhar a mentira e a confusão. Notícias falsas não são a única arma do ódio. Não é incomum a disseminação de ameaças através das redes sociais e o registro de desdobramentos práticos dessas ameaças. O presidente Lula, em caravana pelo sul do país, foi atacado por empresários do agronegócio e por pessoas contratadas. O Padre Júlio Lancelotti, com forte atuação junto a moradores de rua da cidade de São Paulo, vem sendo ameaçado de morte, através das redes sociais. O deputado Federal Jean Willys, recentemente, foi ameaçado de fuzilamento em razão de sua orientação sexual.

Contraposição - Embora o comportamento odioso tenha exposição midiática e exerça forte influência na opinião pública, a maioria das pessoas age com solidariedade e generosidade. A pouca divulgação de comportamentos positivos, entretanto, pode estar na origem da visibilidade de uma suposta onda de ódio na população brasileira. Para reverter essa tendência, é urgente que a mídia alternativa se ocupe de divulgar fatos positivos, enaltecendo a solidariedade e a generosidade. A contraposição à escalada de ódio deve ser a exposição pública de exemplos de solidariedade e de generosidade, de modo a assegurar que as futuras gerações registrem esse período da história brasileira como uma época de forte luta ideológica mas um tempo em que as pessoas insistiram em enfrentar a ideologia dominante com lições de companheirismo.

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