segunda-feira, 11 de março de 2019

História, verdade e protagonismo

Carnaval - A vitória da Mangueira premiou o enredo que reescreveu a história de nosso país, dando destaque a denúncias que não são citadas na historiografia oficial. Como sabemos, a história é sempre contada pelos vencedores e, na sociedade em que vivemos, tornou-se rotina a apresentação de criminosos como heróis. A classe dominante sempre contou sua história, omitindo personagens populares e exaltando os que serviram aos seus interesses. Foi assim, por exemplo, que aprendemos que os bandeirantes desbravaram o Brasil, quando, na verdade, eles ampliaram as fronteiras através do assassinato de índios e da usurpação de terras pertencentes aos que foram mortos por eles.

Autoritarismo - A ditadura, instalada pelo golpe de 1964, já foi chamada, por um grande jornal, de "ditabranda", e se essa interpretação passar para a história, pode dar razão ao "coiso", que pensa que o autoritarismo da época fez mal em "só torturar e não matar". O desfile da Mangueira restabeleceu a verdade quando citou o companheiro Stuart Angel Jones, assassinado durante sessão de tortura num quartel militar. A irmã dele, a jornalista Hildegard Angel, se apresentou, num carro alegórico, para demonstrar o instinto assassino dos golpistas de 1964.

Marielle - Um ponto muito importante do desfile da Mangueira foi a referência à vereadora carioca, assassinada, muito provavelmente, por milicianos, cujo crime continua, ainda, sem qualquer punição. O enredo incorporou o sentimento coletivo de defesa da democracia, de apuração desse crime violento e de punição dos culpados. Nascida na favela, a vereadora assassinada é porta voz dos interesses do povo pobre e oprimido. Ao homenageá-la, a Mangueira reafirmou os pressupostos da sua luta e, ao mesmo tempo, ajudou a disseminar a ideia de que o brutal assassinato de Marielle não vai impedir a apresentação das demandas e reivindicações da maioria da população.

Democracia - A supressão de direitos é o objetivo principal do golpismo e do fascismo. É muito importante que as manifestações de sindicatos de trabalhadores e de movimentos sociais populares sejam intensificadas. Mas isso pode não ser suficiente para novas conquistas. É essencial que a resistência seja combinada com a defesa da democracia e do direito de organização, com a apresentação de novas demandas e reivindicações. O fator principal das políticas públicas defendidas e implantadas pelo PT é o protagonismo dos excluídos, e esse poder de iniciativa pode ser potencializado pelo exercício cotidiano da democracia.

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