quinta-feira, 22 de março de 2018

Violência e capitalismo II

Punições - Todas as vezes em que acontecem chacinas ou fuzilamentos, há um clamor generalizado pela identificação e punição de executores e mandantes, mas, raramente, acontece alguma manifestação em favor da superação das condições de violência existentes na sociedade capitalista. A atitude generalizada, reforçada pela mídia tradicional, reforça o senso comum de que a punibilidade individual é suficiente para impedir que novos fatos violentos aconteçam e, com isso, as origens da violência são ignoradas. As providências anunciadas pelos governos e administrações buscam, exclusivamente, atender o clamor popular em favor da punibilidade individual, e também passam longe de enfrentar as causas estruturais da violência. As casas parlamentares, com bancadas eleitas por dinheiro da indústria de armas, funcionam como grupo de pressão oficial em favor de seus financiadores, o que provoca uma enxurrada de argumentos belicistas, que secundariza os seres humanos. 

Compromissos - Governantes e parlamentares, na maioria das vezes, não têm compromisso com a população ou com o eleitorado, mas, desgraçadamente, estão ligados a interesses comerciais que, em geral, determinam os rumos de decisões administrativas e de proposições legislativas. O caso da indústria de armas é um exemplo deplorável de como isso acontece. No caso específico do Rio de Janeiro, ao invés de ampliar os investimentos em educação e saúde, o governo federal escolheu destinar verbas vultosas para a intervenção militar, ou seja, decidiu estimular o armamentismo. A indústria bélica agradece, e o crime organizado vai se armar ainda mais para enfrentar a nova situação, o que pode amplificar uma guerra que, segundo todos os levantamentos estatísticos, atinge mais diretamente os pobres, moradores da periferia e dos morros cariocas. O compromisso governamental, desgraçadamente, é com o empresariado (incluindo a indústria de armamentos). O governo sem voto se sente muito à vontade para dar consequência a esse compromisso, uma vez que chegou ao Palácio do Planalto sem ser votado. Na origem da violência, na situação atual, também está o golpismo.

Mudanças - O caminho não será simples nem fácil. O domínio do poder econômico é enorme nos debates sobre violência (e também sobre outros temas). Mas, felizmente, há um conjunto de pessoas, entidades populares e partidos políticos que ousam desafiar a escalada armamentista e defender a paz e a justiça social. A única mudança que pode superar a violência é a que supere a exclusão social e a miséria. A intervenção que interessa à maioria das pessoas é a que fortaleça a democracia e que elimine as desigualdades.

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