terça-feira, 16 de outubro de 2018

Resistir, sempre

Muro - Neutralidade não existe, em nenhuma hipótese ou situação. Pessoas que declaram que pretendem ficar ausentes da atual disputa eleitoral nacional, na verdade buscam escapar da vergonha de expressar apoio explícito ao fascismo. O problema é que a neutralidade, no caso específico, significa apoiar o "coiso". 

Democracia - Em várias situações, a ofensiva do fascismo forçou recuos que limitaram a luta por mudanças nas regras da democracia formal. O limite, muitas vezes, impediu o aperfeiçoamento de um sistema que ainda tem muito a melhorar. Manter um conjunto de regras eleitorais que fabrica "Tiriricas" e "Frotas" tem se revelado um grande trunfo do conservadorismo brasileiro, pois eles, como não têm compromisso com qualquer projeto político, aderem ao que lhes pagar melhor. 

Fulanização - O sistema eleitoral atual privilegia o poder econômico e fulaniza as disputas proporcionais, secundarizando o debate de ideias. Eleições proporcionais produzem figuras públicas execráveis, que conseguem alta votação somente por causa da notoriedade midiática ou em razão de investimentos volumosos. Os limites determinados pela legislação nunca impediram doações ilegais e contabilidades paralelas.

Financiamento - A dívida pública brasileira se tornou impagável. Os portadores de papéis do governo tornaram-se financiadores de campanhas eleitorais de defensores de cortes nos gastos públicos, com o objetivo de convencer a opinião pública de que os poderes públicos não têm capacidade de investimento. Os mesmos doadores das campanhas de defensores do enxugamento da máquina pública também financiam golpes contra a democracia.

Golpismo - O golpe de 2016, disfarçado de inimigo da corrupção, serviu aos interesses do mercado. A campanha  do "coiso" pretende conquistar legitimidade eleitoral para a implantação de medidas para poupar recursos públicos que, posteriormente, podem ser destinados ao pagamento da dívida pública.

Avanço - O discurso do "coiso", ao conseguir despertar sentimentos de ódio que viviam enrustidos, já é vitorioso, seja qual for o resultado eleitoral. Agressões homofóbicas, atos de violência contra estrangeiros, aprovação explícita de agressões contra mulheres, elogios aos planejadores e executores de torturas  e o sucesso da tese desumana de que "bandido bom é bandido morto" são alguns dos exemplos de ideias estapafúrdias que se espalham nas redes sociais e que começam a ser defendidas até por amigos e parentes que, até a algum tempo, nos respeitavam e escondiam seus instintos.

Resistência - Há um objetivo que o fascismo e o golpismo não alcançaram, por mais que tentassem. Eles pretendiam reduzir o PT e a esquerda a "subtrato de pó de bosta do cavalo do bandido", mas nós somos mais fortes e resistentes do que eles pensavam e, independentemente de disputas eleitorais, seguiremos vivos e resistindo. 

Defesa - A resistência vem funcionando como defesa importante contra o fascismo, mas ainda não conseguimos elaborar uma alternativa concreta às investidas do conservadorismo. O PT funciona como face institucional desse escudo, mas também não avançamos nessa elaboração. É triste reconhecer isso, mas não temos um projeto alternativo para o país. 

Contraponto - A contraposição, nas ações diretas e no espaço institucional, se limita à defesa contra a ofensiva conservadora. Existe espaço para a implantação de políticas públicas que avancem no atendimento de demandas dos trabalhadores e da maioria da população. A efetiva adoção dessas medidas, no entanto, depende de uma maioria parlamentar que, desgraçadamente, ainda não temos.

Desafio - Teremos que conviver com o fascismo e com ideias imbecis, independentemente do resultado eleitoral. Como é impossível nos destruir, enfrentaremos as trevas com as luzes de nossas ideias e com nossos projetos para o futuro.

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