terça-feira, 3 de outubro de 2017

Democracia e justiça

Aniversário - Em certo momento, o ser humano está localizado muito mais perto do final da vida do que do começo, mas, ao mesmo tempo, é quando é possível, olhando para trás, verificar a importância dos anos já vividos e, especialmente, ter a certeza de que a caminhada até aqui só foi possível por causa da presença de inúmeras pessoas que, partilhando dos mesmos sonhos e projetos, exerceram a solidariedade e o companheirismo. A celebração de mais um ano de vida, para mim, deve ter o significado especial do agradecimento. Assim, quero agradecer a Deus, por ter me permitido chegar até aqui; a todos os meus familiares; a todos os meus amigos e companheiros, de lutas e de jornadas memoráveis; e a todas as pessoas que, mesmo não me conhecendo pessoalmente, partilham dos mesmos sonhos e projetos de igualdade e de justiça.

Impasse institucional - O poder judiciário decidiu afastar o senador Aécio Neves de seu cargo e lhe impôs algo parecido com uma prisão domiciliar. A decisão judicial foi tomada com base em provas irrefutáveis de envolvimento dele com ilegalidades. O senado da república, baseado no corporativismo e em uma maioria circunstancial a favor do senador, pretende revogar a decisão judicial. O sentenciado é um golpista de primeira hora, aliado do presidente ilegítimo, e merece ser punido por causa das provas contra ele. A decisão judicial, no entanto, abre um precedente perigoso que deve ser avaliado com atenção. Diferentemente do senador, os ministros do Supremo Tribunal Federal não foram colocados lá pelo voto popular, e a decisão legitima a interferência do judiciário na democracia representativa, o que pode ser usado, posteriormente, contra outros mandatários públicos. Quem está sendo julgado (e condenado) não é o senador tucano. A decisão do STF, ao punir o parlamentar, está condenando a democracia.

Democracia - Na história de nosso país, todas as vezes em que ocorreu uma ruptura na democracia, os castigos foram dirigidos, majoritariamente, contra militantes de movimentos sociais populares e contra integrantes de organizações e partidos políticos de esquerda. Punições a integrantes da política tradicional serviram de cortina de fumaça para os verdadeiros objetivos do golpismo de sempre. Em 1967, Carlos Lacerda teve os seus direitos políticos cassados, mas, ao mesmo tempo, a ditadura empreendeu uma caçada implacável contra lideranças populares e sindicais urbanas e rurais. A punição de Lacerda, aliado dos golpistas de 1964, pode ser considerada uma exceção, uma vez que a maioria dos perseguidos pelo autoritarismo, sabidamente, sempre esteve na luta contra o golpe. A luta democrática, uma das prioridades da conjuntura atual, não pode permitir qualquer tipo de retrocesso. Assim como contestamos o golpe de 2016 (que cassou os votos de Dilma Roussef), não podemos aceitar qualquer tipo de interferência do poder judiciário sobre mandatos conquistados nas urnas e devemos perseguir, sempre, o objetivo de ampliação dos espaços democráticos, com a instituição e fortalecimento de organismos de participação popular.

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Espetáculos - Sempre gostei de ir a estádios de futebol. As torcidas sempre me fascinaram. Mais do que as disputas das partidas, as cenas d...