terça-feira, 6 de novembro de 2018

Preconceito, autoritarismo e violência

Insuficiência - É frustrante a constatação de que os discursos e a prática cotidiana de inúmeros militantes não foram suficientes para influenciar a maioria das pessoas em favor dos seres humanos. É revoltante verificar que valores que contrariam os avanços civilizatórios se tornaram suficientes para eleger um presidente.

Preconceito - O discurso vencedor da eleição, entre outros absurdos, prega o machismo, a intolerância em relação à orientação sexual, o racismo contra negros e índios e o ódio aos estrangeiros. Esses valores foram assimilados por parte do eleitorado, o que foi determinante para o resultado eleitoral.

Enrustidos - O discurso do "coiso" não é uma novidade absoluta. Muitas pessoas tinham os mesmos valores e as mesmas opiniões antes dele. Os admiradores da ditadura e da escravidão viviam escondidos, com medo da reprovação de parentes e amigos e, com o aparecimento do "coiso", passaram a expor suas ideias abertamente. Aquele parente que falava que "os negros tem que voltar para a senzala" somente no final da festa, depois de se embebedar, agora é quem faz o brinde de abertura da solenidade familiar, ainda sóbrio, mas com o mesmo conteúdo racista.

Democracia I - A história brasileira é uma sucessão de governos autoritários. Mesmo a redemocratização mais recente teve seus limites, e a democracia representativa que vivemos é um arremedo de estado de direito, onde o poder econômico dirige os destinos do país, financiando campanhas eleitorais e mantendo bancadas que defendem os interesses dos fabricantes de armas e do agronegócio, sempre em detrimento dos mais pobres.

Democracia II - A eleição proporcional se tornou uma espécie de concurso de beleza (ou de feiura). Não é incomum que as pessoas votem em candidaturas sem saber as ideias que vão ser defendidas no parlamento. Um vez eleitos, os parlamentares se tornam representantes de si mesmos (ou de seus financiadores de campanha), e é raro o eleitor se lembrar qual foi o parlamentar que ele escolheu.

Democracia III - Outro defeito da democracia brasileira é a forma como são escolhidos os parlamentares. A eleição nominal secundariza os partidos políticos e reduz o tamanho das bancadas das agremiações mais reconhecidas pela população. O PT, por exemplo, é o partido preferido por mais de 21% do povo brasileiro, segundo todas as pesquisas, mas só elegeu pouco mais de 10% dos deputados federais.

Violência - Quem mora nos bairros da periferia convive com uma situação permanente de violência e de abusos. O caso mais recente envolve jovens que, segundo a polícia, teriam morrido em confronto com as forças de segurança. Eles foram alvejados nas costas, e tudo indica que, como em inúmeros outros casos, eles foram executados. A vitória eleitoral do "coiso", desgraçadamente, pode legitimar esse tipo de violência, e aumentar a quantidade de mortos (em sua maioria negros e pobres). Estima-se que, nos próximos sete anos, mais de 43 mil jovens perderão a vida.      

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