
Preconceito - O discurso vencedor da eleição, entre outros absurdos, prega o machismo, a intolerância em relação à orientação sexual, o racismo contra negros e índios e o ódio aos estrangeiros. Esses valores foram assimilados por parte do eleitorado, o que foi determinante para o resultado eleitoral.
Enrustidos - O discurso do "coiso" não é uma novidade absoluta. Muitas pessoas tinham os mesmos valores e as mesmas opiniões antes dele. Os admiradores da ditadura e da escravidão viviam escondidos, com medo da reprovação de parentes e amigos e, com o aparecimento do "coiso", passaram a expor suas ideias abertamente. Aquele parente que falava que "os negros tem que voltar para a senzala" somente no final da festa, depois de se embebedar, agora é quem faz o brinde de abertura da solenidade familiar, ainda sóbrio, mas com o mesmo conteúdo racista.
Democracia I - A história brasileira é uma sucessão de governos autoritários. Mesmo a redemocratização mais recente teve seus limites, e a democracia representativa que vivemos é um arremedo de estado de direito, onde o poder econômico dirige os destinos do país, financiando campanhas eleitorais e mantendo bancadas que defendem os interesses dos fabricantes de armas e do agronegócio, sempre em detrimento dos mais pobres.

Democracia III - Outro defeito da democracia brasileira é a forma como são escolhidos os parlamentares. A eleição nominal secundariza os partidos políticos e reduz o tamanho das bancadas das agremiações mais reconhecidas pela população. O PT, por exemplo, é o partido preferido por mais de 21% do povo brasileiro, segundo todas as pesquisas, mas só elegeu pouco mais de 10% dos deputados federais.
Violência - Quem mora nos bairros da periferia convive com uma situação permanente de violência e de abusos. O caso mais recente envolve jovens que, segundo a polícia, teriam morrido em confronto com as forças de segurança. Eles foram alvejados nas costas, e tudo indica que, como em inúmeros outros casos, eles foram executados. A vitória eleitoral do "coiso", desgraçadamente, pode legitimar esse tipo de violência, e aumentar a quantidade de mortos (em sua maioria negros e pobres). Estima-se que, nos próximos sete anos, mais de 43 mil jovens perderão a vida.