quinta-feira, 11 de julho de 2019

Coragem, protagonismo e construção do futuro

Derrotas - Há um trágico traço comum entre as votações no parlamento desde o golpe de 2016. Em todas as vezes obtivemos pouco mais de cem votos, enquanto que o outro lado sempre alcançou mais de trezentos e cinquenta. Outro aspecto comum é o fato de estarmos sempre respondendo à ofensiva fascista, na defensiva, e dentro da pauta imposta pelas forças conservadoras.

Golpismo- Quando da votação do impeachment da presidenta Dilma Roussef, 367 deputados federais escolheram cassar os votos de mais de 54 milhões de eleitores e votaram pela destituição dela; na mesma ocasião, obtivemos somente 137 votos a favor da democracia. O corte de gastos públicos, já na época em que era presidente Michel Temer, teve o apoio de 359 parlamentares, enquanto nós conseguimos somente 116 votos contra a PEC do fim do mundo.

Aposentadorias - Para acabar com a expectativa de aposentadoria da população brasileira, o conservadorismo conseguiu 379 votos, enquanto que a oposição ao fascismo conseguiu o apoio de 131 parlamentares. Os números não devem se modificar na segunda votação e não há qualquer perspectiva de que o senado da república modifique o panorama. 

Revelações - Os resultados não são animadores, mas a avaliação do momento político não pode ser somente negativa. Um amigo me disse que a última votação teve o papel de revelar o lado em que se posicionam aqueles (e aquelas) que se apresentam, nas eleições, como "novidade na política", que defendem uma suposta (e inexistente) "neutralidade" ou que se declaram como "alternativas à polarização entre direita e esquerda". Todos se revelaram, em vários casos, como aliados do conservadorismo.

Otimismo - Uma outra pessoa, que viveu fora do Brasil por algum tempo, me fez enxergar os inúmeros avanços que alcançamos desde a última redemocratização. Quando ela saiu do país, o dia 20 de novembro era celebrado (às escondidas) em locais que se aproximavam da clandestinidade; o dia 8 de março ainda não havia incorporado as lutas contra a violência e o feminicidio; e o mês de junho ainda não era conhecido como o da celebração da diversidade sexual.

Protagonismo I - O dia 20 de novembro passou a ser celebrado como o Dia Nacional da Consciência Negra porque as ações da comunidade afrodescendente influenciaram o conjunto da sociedade; a luta contra todo tipo de violência contra a mulher foi incorporada ao Dia Internacional da Mulher por causa do protagonismo do movimento feminista; e a celebração do amor entre pessoas do mesmo sexo só aconteceu por causa da coragem de mulheres e homens que gritaram (e continuam gritando) que qualquer maneira de amor vale a pena.

Protagonismo II - Talvez os resultados das votações parlamentares tivessem sido diferentes se tivéssemos conseguido construir o protagonismo dos democratas, dos usuários e trabalhadores dos serviços públicos e dos aposentados e beneficiários da previdência pública. Não conseguimos que as mobilizações desses setores tivessem a mesma envergadura (e força política) das que foram realizadas pelos negros, pelas mulheres e pelos homossexuais.

Futuro - Há um outro motivo importante para não esmorecermos. O militante de esquerda deve ser, sempre, um alegre e bem humorado construtor do futuro da humanidade. Não cabe desânimo na nossa vida. Sempre vai ser tempo de reunir os cacos e começar de novo. Aprendendo com o passado recente e remoto e construindo, todos os dias, um futuro melhor para todos e todas.  

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