quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Armadilha institucional

Eleições - Desde a redemocratização do país, a esquerda brasileira se ocupa, prioritariamente, do calendário eleitoral. A cada período de dois anos, grupos e militantes se dedicam a atividades destinadas a conquistar votos e apoios para candidaturas da esquerda e do campo democrático e popular. Como resultado desse trabalho, o PT, o PDT, o PCdoB, o PSOL e o PSTU conseguiram eleger mandatários executivos e parlamentares e, em 2002, a esquerda brasileira conseguiu a proeza de eleger, pela primeira vez na história do país, um presidente operário. Em 2010, por causa do mesmo esforço militante, o país elegeu a primeira mulher para o maior cargo eletivo do país.

Golpe - A conquista do maior cargo executivo não superou o conservadorismo que, através do poder econômico, manteve um rigoroso controle sobre a composição dos poderes legislativo e do judiciário. O poder econômico também viabilizou um apoio irrestrito dos grandes veículos de comunicação à agenda conservadora. O golpe de 2016 só foi possível por causa da dedicação, quase que exclusiva, da esquerda ao calendário eleitoral e o investimento do conservadorismo nos poderes legislativo e judiciário e na mídia tradicional. Massacrado pela seletividade dos grandes veículos de comunicação, o Partido dos Trabalhadores não teve como resistir a processos judiciais escabrosos e a julgamentos destinados a atacar o PT e a esquerda.

Conteúdo - O governo sem voto assumiu abertamente um conteúdo de interesse das classes dominantes e do mercado financeiro e, com o apoio explícito da mídia tradicional, passou a patrocinar a implantação de medidas supressivas de direitos e de redução de gastos públicos. O parlamento brasileiro, subserviente ao presidente ilegítimo, aprovou a maior parte dessas propostas, só se recusando a votar a reforma previdenciária por estarmos em ano eleitoral. Os partidos políticos de esquerda, por outro lado, ainda estão presos ao calendário eleitoral e podem eleger mandatários executivos sem apoio parlamentar que, uma vez empossados, estarão sujeitos a regras do "é dando que se recebe".

Contraposição - Para se opor à lógica golpista, os movimentos sociais, os sindicatos de trabalhadores e as organizações de esquerda devem combinar a atuação institucional, com o reforço de candidaturas que incorporem um conjunto de demandas e reivindicações populares; com a construção de ações diretas contra as medidas supressivas de direitos. A luta contra o golpismo deve se revestir claramente de conteúdo anticapitalista, especialmente porque o golpe assumiu, abertamente, uma agenda que só interessa às classes dominantes e ao mercado financeiro.               

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