
Fascismo - As palavras de ordem de manifestações antipetistas se concentram, sempre, no combate à corrupção. O direcionamento dos discursos é revelador sobre o seu conteúdo seletivo e fascista. As convocações para os protestos contra o PT são veiculadas pela mídia tradicional, e recebem o apoio explícito de empresas e empresários identificados com ideias conservadoras. As manifestações mais recentes se concentram em pedir a prisão imediata do presidente Lula. O conteúdo ideológico (e a prática) da maior parte dos manifestantes antipetistas valoriza o autoritarismo e a violência, e se baseia em mentiras e boatos. Tudo leva a acreditar em uma perigosa escalada fascista. Ao conquistar o governo federal em 2002, o PT se transformou em alvo de manifestações fascistas, e afirmações genéricas, contra greves e ocupações, foram se tornando mais específicas, sempre direcionadas contra o Partido dos Trabalhadores. O contraponto aos ataques ainda é insuficiente para derrotar o fascismo, mas é importante ressaltar que, apesar disso (ou por isso mesmo) o PT é o partido preferido da população brasileira e o presidente Lula é o candidato da maioria do eleitorado.
Contraposição - O enfrentamento da escalada fascista não será uma tarefa simples. Talvez demore gerações para que a ideologia socialista e libertária seja reconhecida como possibilidade concreta de organização da sociedade. Mesmo havendo uma espécie de consenso contra o capitalismo, ele ainda é genérico e insuficiente para animar a luta dos trabalhadores e dos movimentos sociais populares. O enfrentamento do fascismo pode reunir forças políticas diversas, desde comunistas chamados de sectários até democratas reconhecidamente sinceros. A constituição de uma frente política, com essa composição heterogênea, demanda trabalho e paciência. Integrantes de um coletivo antifascista têm diferenças e divergências que, em muitos casos, não são fáceis de contornar. Mas a unidade contra o inimigo comum deve motivar o esforço político pela construção da frente contra o fascismo que extrapole o embate eleitoral de outubro, e que tenha, como conteúdo mais importante das mobilizações, as demandas e reivindicações dos trabalhadores e das classes populares.