sábado, 11 de abril de 2020

Pandemia e capitalismo

Exclusão I - A tragédia do coronavírus está revelando a existência de um contingente de mulheres e homens que ainda não são contados pelos indicadores econômicos. São pessoas que trabalham por conta própria, mas que não têm registro de microempreendedor individual nem contribuem de forma autônoma com a previdência pública. Podem haver até 20 milhões de seres humanos nessa situação.

Exclusão II - Os números oficiais sobre o desemprego e a quantidade de pessoas que desistiram de procurar trabalho podem estar longe de representar a realidade da exclusão social do Brasil. A situação é muito mais grave do que a que é divulgada, com frequência, pelos grandes veículos de comunicação. É diante dessa realidade que o governo fascista pretende facilitar, ainda mais, a lucratividade dos muito ricos e dos banqueiros.

Revelações - A crise do coronavírus está servindo para revelar o tamanho da lucratividade dos negócios do capitalismo no Brasil e no mundo. Os anúncios de doações bilionárias demonstram que os capitalistas ganharam muito dinheiro com a exploração do trabalho humano. Os números só não são maiores porque os bancos e empresas do mercado financeiro vem se esquivando de fazerem doações substanciais e, no caso do Brasil, vem sendo favorecidos por medidas governamentais.

Trabalho - O discurso oficial, em defesa do afrouxamento do isolamento, também revela uma característica essencial do capitalismo. Ao defender a medida, o "coiso" revelou a evidência inegável de que é impossível que a matéria prima se transforme em objeto útil sem que seja transformada pelo trabalho humano. Mesmo os que discordam dele, e tentam amenizar o desastre, olham para um futuro em que a exploração do trabalho e a lucratividade dos negócios vão depender das pessoas que, para realizar as tarefas do trabalho, serão mais úteis se sobreviverem.
  
Imbecilidades - Pronunciamentos, absurdos e imbecis, que já foram considerados como retrógrados e ultrapassados, ganharam espaço e habitam, hoje, a consciência de muitas pessoas. É revoltante que um comunicador faça a sugestão de que sejam implantados campos de tratamento para doentes; é ultrajante que um ministro se refira a servidores públicos como parasitas; e é triste que pessoas comecem a pensar que ser ignorante é uma virtude. O mais trágico, entretanto, é saber que esses absurdos contam com a aquiessência de pessoas que, conscientemente, defendem essas ideias.

Legitimidade - É insuportável que essas ideias estapafúrdias sejam legitimadas pelos grandes veículos de comunicação como se fossem normais. É usual que esses comportamentos condenáveis sejam apresentados, pela mídia tradicional, como contraposição a ideias socialistas e libertárias. A defesa de retrocessos é intolerável e não pode ser apresentada como se fosse uma coisa normal.

Futuro I - O sistema que vai emergir, depois da pandemia de coronavírus, infelizmente não será, ainda, um modelo socialista. Não temos força suficiente para implantar uma forma de organização econômica muito diferente do capitalismo. É certo, no entanto, que alguns exageros sejam superados e que, com isso, a humanidade retome o caminho dos avanços civilizatórios alcançados até aqui.

Futuro II - Não é improvável que algumas figuras ultraliberais, como o "coiso", sejam removidas por um auto-intitulado "capitalismo humanizado", mas as ideias neo-liberais de enxugamento da máquina pública continuarão a ser defendidas pelos que, hoje, fazem a defesa da utilização do aparato estatal para o enfrentamento da crise. Devemos estar juntos no combate aos absurdos e imbecilidades, mas devemos ter a clareza de que a remoção desses obstáculos não vai representar o fim da sociedade baseada na exploração do trabalho humano.

Tarefas I - Os militantes da causa da igualdade têm, neste momento, tarefas conjunturais muito importantes, que não podem ser postergadas. Os representantes dos interesses do capitalismo liberal precisam ser enfrentados, em todos os momentos, com a denúncia permanente de que, com a justificativa de socorrer a economia, os defensores do neo-liberalismo estão tentando implantar medidas de favorecimento do mercado financeiro e dos muito ricos.

Tarefas II - Ao mesmo tempo devem ser apresentadas proposições claras de socorro aos excluídos, com a especificação da origem dos recursos financeiros a serem utilizados nas políticas públicas de inclusão social, como o fortalecimento da saúde pública extensiva a todas as pessoas; a taxação das grandes fortunas, a expropriação dos lucros dos bancos e empresas do mercado financeiro e a emissão de moeda para custear os investimentos públicos. Devemos insistir também no fortaalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).   

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