quarta-feira, 1 de abril de 2020

Fundo partidário, grandes fortunas, ideologia e política

Valores - Incorporamos alguns valores morais que podem resultar em raciocínios e avaliações equivocados. Um desses valores se refere à condenação sistemática da corrupção política e, embora isso não seja ruim, acabamos por reforçar, em muitas ocasiões, o discurso demagógico do conservadorismo, que usa muitos desses valores contra figuras públicas identificadas com governos democráticos e populares.

Senso comum - O raciocínio de muitas pessoas ainda não ultrapassou o mundo do capitalismo. Devemos reconhecer, em primeiro lugar, que temos uma deficiência grave na formação política de militantes e dirigentes, o que resulta, em muitos casos, na condenação de companheiros e companheiras, ou na consolidação de narrativas seletivas contra figuras públicas importantes da história da luta dos trabalhadores e do povo brasileiro.

Seletividade - Ajudamos, de certo modo, no crescimento de um senso comum anti-corrupção e, em muitas situações, contribuímos para sermos atacados, logo depois, por acusações que atingiram alguns de nossos principais líderes. É interessante verificar que líderes do PT foram condenados e presos (mesmo sem provas) enquanto que outras figuras públicas foram poupadas (mesmo diante de evidências claras) ou foram punidas muito tardiamente.

Fundo partidário I - Sempre pensamos que a política deve ser financiada pelo estado, que, mesmo no arremedo de democracia que vivemos,  é a única forma de assegurar que as classes populares possam participar das eleições. Infelizmente nunca fomos suficientemente claros nessa nossa definição e, por causa disso, não são poucas as pessoas que assimilam (e reproduzem) discursos demagógicos (e hipócritas) de figuras públicas que não precisam do fundo partidário, pois são financiados pelo grande capital.

Fundo partidário II - Nos debates sobre reforma eleitoral, sempre defendemos o financiamento público exclusivo para as campanhas eleitorais, sem prejuízo de que também tenhamos contribuições individuais e militantes, de pessoas que acreditam nas ideias defendidas pelo partido político. Para nós, que somos do PT, a adesão militante sempre ocupou um lugar especial. É a garantia de que as ideias do partido sempre serão defendidas por quem financia as nossas atividades. Sempre defendemos, também, a proibição explícita de doações empresariais.

Grandes fortunas - Os parlamentares do PT, em todas as discussões sobre reforma tributária, apresentaram a proposta de taxação das grandes fortunas. A ideia nunca foi em frente, especialmente por que a maioria dos parlamentares são financiados justamente pelos muito ricos. O socorro emergencial aos ameaçados por tragédias como a do coronavírus viria dessa arrecadação, mas os muito ricos preferiram, sempre, o caminho de taxar os mais pobres.

Empregos - É muito comum, no sindicalismo, a luta por mais vagas no mercado do trabalho. Também é usual que, uma vez no governo, lutemos pela implantação de políticas públicas capazes de gerar empregos. O que fazemos nos sindicatos e nos governos, no entanto, reforça o senso comum que confere aos empresários, exclusivamente, o poder de empregar pessoas. Não foram poucas as vezes em que, diante da revelação de que, no futuro, os comunistas pretendem acabar com os patrões, ouvimos a pergunta esdrúxula "e para quem nós vamos trabalhar?".

Luta de classes - Não é sensato subestimar a dificuldade de fazer o debate ideológico ou simplificar as dificuldades do processo de formação política na esquerda. Também é importante reconhecer que a luta de classes, como motor da história, se ressente da presença ativa de operários fabris, que já não os protagonistas principais do movimento social organizado. É preciso reconhecer as limitações de nosso processo de formação política e a composição atual dos movimentos sociais populares, mas, ao mesmo tempo, é urgente recuperar a capacidade de iniciativa da esquerda, sob pena de termos que engolir discursos oportunistas e demagógicos, que se referem ao fundo partidário, mas que se omitem em relação à taxação das grandes fortunas.    

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