
Mercado - O resultado, ainda provisório, foi determinado pelos mesmos interesses que influenciaram na votação do golpe parlamentar. O comprometimento do futuro fica evidente no texto aprovado. A substituição da palavra "agrotóxico" por "pesticida", por exemplo, tem o objetivo claro de facilitar o registro de produtos que utilizam, na sua composição, substâncias que podem causar câncer nas pessoas. O Instituto Nacional do Câncer (INCA), e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) condenaram a proposta.
Omissão - A maior parte dos grandes veículos de comunicação da mídia tradicional nem tocou no assunto, e quando o fez, citou a mudança apenas de passagem, desconsiderando a possibilidade de que a modificação colocará em risco os trabalhadores da agricultura, a população residente nas áreas rurais e os consumidores de água e alimentos contaminados. A flexibilização também não contribui com a disponibilidade de alimentos mais seguros nem vai resultar na implantação de novas tecnologias no meio rural.
Perigo I - A nova legislação pretende atender os interesses do agronegócio, aliados do presidente ilegítimo. O autor do projeto de lei, senador Blairo Maggi, é ministro da agricultura do governo sem voto. Seu estado de origem, o Mato Grosso, já utiliza um quinto de todo o agrotóxico usado no Brasil e, com a mudança, essa situação pode se ampliar. A legislação atual já é favorável ao agronegócio. Até 30% dos produtos permitidos no Brasil são proibidos em outros países.

Resistência - Parlamentares que fazem oposição ao governo sem voto continuarão a insistir, no espaço institucional, para impedir a legalização de mais esse crime. O drama é que, em um parlamento composto por mais de quinhentos deputados, apenas cerca de cem são abertamente contrários ao governo sem voto e ao golpismo. Reverter esse cenário desfavorável só será possível com a mobilização, de todos os movimentos sociais populares, em defesa da produção sustentável de alimentos. A lucratividade do agronegócio não pode continuar se sobrepondo ã saúde da população.