sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Desalento e resistência

Hipocrisia - O constrangimento de vermos parentes e amigos defendendo as ideias estapafúrdias do "coiso" é equivalente à constatação de que há um comportamento mentiroso que passou a fazer parte da vida das pessoas. Juntamente com a onda conservadora que elegeu o próximo presidente passamos a conviver com gente que diz amar a todos, indistintamente, mas que concorda que mulheres e negros são seres inferiores, que homossexuais merecem apanhar e que petistas devem ser abatidos a tiros.

Desalento - O antipetismo conta com simpatia de parte considerável da população, mas há um desencanto com a política que pode ser maior do que ele. Uma das tarefas da resistência é a reversão dessa situação de desalento. O afastamento da política é um componente perigoso do desenvolvimento de ideias autoritárias. O totalitarismo contará, sempre, com o apoio e a conivência dos ausentes.

Comprometimento - A indicação de um juiz federal para o ministério do "coiso" confirma o papel do futuro ministro da justiça no processo eleitoral, e também é um indicador de que as instituições estão comprometidas, visceralmente, com o golpe e com os encaminhamentos para o futuro do país. O poder judiciário determinou a prisão sem provas do presidente Lula e vem confirmando a constitucionalidade das medidas supressivas de direitos aprovadas pelo parlamento.

Parlamento - O parlamento brasileiro, principal articulador da destituição da presidenta Dilma Roussef, tem uma composição majoritariamente conservadora. Entre 513 deputados e deputadas, por exemplo, menos de uma centena pode ser qualificada como progressista. O drama da esquerda é que, se participa das votações, acaba legitimando os resultados e, se decide se ausentar, pode contribuir (indiretamente) para que as coisas fiquem ainda piores.

Ação direta - A resistência terá de enfrentar o desalento generalizado e denunciar o envolvimento das instituições com o golpismo e com o fascismo. Será preciso relativizar o republicanismo de algumas atitudes e, ao mesmo tempo, vai ser essencial incentivar a intensificação de manifestações públicas em defesa de demandas localizadas e corporativas e a generalização de protestos contra o fascismo. A combinação da atuação institucional com as ações diretas pode fazer com que o desalento seja superado e que, ao mesmo tempo, pode contribuir para que o fascismo seja derrotado. 

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