quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Organizar e mobilizar

Pulverização - As grandes plantas industriais de pouco tempo atrás já não existem mais. A cidade de São Paulo já foi uma grande metrópole industrial e, hoje, não é mais. O avanço tecnológico eliminou postos de trabalho e fez com que a maior cidade do país se transformasse em centro de serviços e, com isso, promoveu a pulverização dos trabalhadores e trabalhadoras. Muitos mudaram de categoria profissional e de local de moradia.

Desigualdades - Os sindicatos dos trabalhadores brasileiros nunca foram verdadeiramente independentes. Foram criados para exercer a mediação entre empresas e trabalhadores, sob a mediação do estado capitalista. Os trabalhadores se viram, assim, em uma mesa onde enfrentavam oponentes poderosos: os patrões e os governos.

Controles - Os resultados revelaram a face do estado defensor dos interesses imediatos do patronato, mas também mostraram que um dos interesses de empresários e governantes era manter os trabalhadores sempre sob controle. Não foram poucas as vezes que as mobilizações sindicais ultrapassaram os limites determinados pelo capital, invadindo o espaço da política, o que foi determinante na definição de políticas públicas, especialmente no campo econômico.

Organização - Com a fundação do Partido dos Trabalhadores, em 1980,  o que acontecia esporadicamente, e de modo desorganizado, passou a ocorrer de maneira mais sistemática e permanente. Demandas e reivindicações que constavam em alguns poucos acordos coletivos foram incluídos na legislação e, com a Constituição de 1988, muitos direitos dos trabalhadores mais mobilizados foram estendidos para todas as categorias profissionais.

Institucionalização -  O sucesso do PT e dos trabalhadores no espaço institucional produziu um desarme da mobilização dos sindicatos de trabalhadores. Muitos quadros sindicais experimentados se transformaram em mandatários públicos parlamentares e executivos. O espaço institucional absorveu cérebros privilegiados, ao mesmo tempo em que ocorriam transformações importantes no processo de produção capitalista.

Desemprego - O empresariado nunca escondeu que o objetivo dos avanços tecnológicos, para o patronato, sempre foi a "poupança de mão de obra". O desemprego estrutural, a precarização das condições de trabalho e os incentivos ao empreendedorismo não são fenômenos recentes. O que está acontecendo, agora, é que a supressão de direitos vem acompanhada com o desmonte dos sindicatos de trabalhadores (especialmente no setor privado) e com a consagração legal da contratação individual de trabalho.

Desafios I - O desafio mais urgente, neste momento, é promover a organização dos trabalhadores e das trabalhadoras em entidades que representem suas reivincações e demandas. O percentual de associações em sindicatos, que nunca passou de 20% (salvo algumas poucas exceções) deve ser aumentado para muito além disso, e categorias sem qualquer representação sindical (como operadores de telemárketing e empregados de "fast-food") precisam passar a participar de entidades em que confiem.

Desafios II - Os avanços institucionais devem ser mantidos e ampliados. É urgente que se estabeleça uma consolidação das relações de trabalho, tendo como base o que se conquistou de mais avançado nos acordos coletivos e na legislação. É necessário incentivar, também, a participação política e partidária dos trabalhadores e das trabalhadoras. As conquistas das lutas do dia a dia, não podem virar fumaça e desaparecer, e uma das formas de assegurar que isso aconteça é fazer com que sejam implantadas políticas públicas de inclusão e de justiça social.

Desafios III - É óbvio que essas ações só serão possíveis em um ambiente democrático. É evidente, também que enfrentar (e superar) os desafios de organização dos trabalhadores e das trabalhadoras não nos conduzirá, automaticamente, ao socialismo. Tomar as iniciativas de enfrentar o fascismo e, ao mesmo tempo, de promover a organização e a mobilização de trabalhadores e trabalhadoras, podem assegurar condições melhores de enfrentamento da exploração capitalista.                

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