quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

O avanço do fascismo e a resistência

Exageros - A falta de capacidade da equipe do "coiso" é evidente. Isto não significa, no entanto, que os ministros e assessores do presidente estejam somente demonstrando sua estupidez. Pode ser muito pior do que isso. Estou convencido de que o comportamento pouco inteligente de auxiliares do governo federal fazem parte de um projeto global que inclui (mesmo) a volta ao passado. Não penso que atitudes malucas funcionem apenas como cortina de fumaça para medidas austeras na economia. A burrice enaltecida, desgraçadamente, faz parte da imagem do atual governo, e eu tenha medo de que isto signifique uma declaração do tipo "nós somos assim mesmo".

Corrupção - O episódio envolvendo um dos filhos do presidente e o motorista dele é mais uma demonstração de que eles "são assim mesmo", e que a impunibilidade (e a hipocrisia) vão se tornar rotina para o governo federal. Nada indica que vai haver qualquer punição ou cassação de mandato, mesmo que apareçam denúncias fundamentadas. O mais triste é verificar que o que era feito às escondidas (com Geddel, Aécio e Perrella) será feito à luz do dia, "com STF com tudo".

Seletividade - A divulgação explícita de impunidade na equipe do "coiso" chega a ser revoltante. O que essa propaganda pretende, desgraçadamente, é demonstrar que punições e prisões estão reservadas, exclusivamente, para integrantes do PT e da esquerda. Não é improvável que algum empregado da família do "coiso" seja punido, e isso pode ser usado como exemplo da atuação governamental contra a corrupção, com elogios da mídia tradicional e aplausos generalizados de parte da população que adotou o "coiso" e suas ideias.

Moralidade - O debate sobre corrupção nunca foi neutro. Quando esse tema ocupou espaço importante na discussão política, serviu para criminalizar a esquerda ou para reunir o conservadorismo em torno do projeto de exclusão social. Acusações e suspeitas infundadas sempre foram utilizadas, também, para o fortalecimento de regimes autoritários. Quando os militares estavam perto de perder o controle da situação, criaram o AI-5 e fortaleceram a repressão.

Omissão - Movimentos sociais populares, por outro lado, sempre foram tratados como "coisa de baderneiro". A população da cidade de São Paulo já realizou três atos contra o aumento da passagem do transporte público e, apesar da evidente justeza do protesto, o destaque midiático se concentra na forte presença de policiais nas manifestações. A democracia e o direito de manifestação devem ser defendidos, sempre, mas é muito tendenciosa a apresentação midiática ostensiva de militares preparados para uma guerra contra os manifestantes. A ênfase na violência faz com que os motivos principais dos protestos (o reajuste das tarifas e a reestruturação das linhas) sejam secundarizados.   

Resistência - Pode ser repetitivo o apelo em defesa da resistência, mas, diante dessa situação, não existe outra saída para os que discordam do projeto que venceu a última eleição. O conjunto da obra dos seguidores do "coiso" envolve violência, homofobia, machismo, preconceito e exclusão social. O conteúdo da resistência deve enfrentar os valores conservadores e, ao mesmo tempo, deve ser capaz de propor soluções inclusivas, tendentes a recuperar a ideia do desenvolvimento econômico com distribuição de renda e com partilha da riqueza.


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