sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

A revolta da bengala

Campo Limpo - Tentaram barrá-lo na estação Campo Limpo do metrô, mas ele sacou a cópia de uma decisão judicial provisória e quase a esfregou na cara do guarda de roupa cinza. "Eu tenho meus direitos!" disse o velhinho passando pela catraca como um raio. O fim da gratuidade para as pessoas entre 60 e 64 anos estava suspenso por uma liminar, e ele tinha o direito viajar de graça no metrô, pelo menos até que a liminar fosse cassada.

Guaianazes - Do outro lado da cidade, na estação da CPTM de Guaianazes, um outro idoso ia arrumando confusão semelhante, mas o guarda ferroviário foi cordial e, alertado por um colega, permitiu a passagem dele pela catraca, fazendo apenas uma pergunta: "Pra onde vai o senhor com tanta pressa?". O velhinho respondeu prontamente "vou ao protesto da Avenida Paulista. Estão querendo acabar com a gratuidade no transporte público para os maiores de 60 anos.". Ele explicou que havia uma liminar, mas que o correto é que o governo "desistisse dessa maldade.".

Vila Prudente - Na estação da linha verde não teve nem ameaça de confusão. O pessoal foi passando pela linha de bloqueios contando com a ajuda dos funcionários do metrô que, naquela estação, estavam preparados para facilitar o acesso dos manifestantes que se dirigiam para a Avenida Paulista. "tomara que eles consigam derrubar o decreto que acabou com a gratuidade.", comentou um metroviário.

Trianon - Vinha gente da cidade inteira, e a estação mais próxima do Museu de Arte de São Paulo era o ponto de encontro de uma turma revoltada. "É um absurdo querer surrupiar o direito de andar de graça no transporte público." Outra pessoa, subindo as escadas rolantes, concordou com o que o primeiro tinha falado, e emendou "eu pago passagem desde que eu tinha 14 anos... ganhei o direito da gratuidade depois de pagar bastante."

Masp - Todos usando máscara e com álcool gel nas mãos, por que, afinal, eles fazem parte do grupo de risco. A manifestação só não foi maior porque algumas pessoas preferiram não comparecer para manter o isolamento. O manifestante que saiu do Campo Limpo logo depois de almoçar se encontrou com o que veio de Guaianazes e os dois combinaram com um outro, que estava numa turma vinda da Vila Prudente, de erguer as bengalas na hora dos discursos, para mostrar que quem tem direito adquirido não aceita que seja feita a maldade de retirada desse direito.  

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