segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Conteúdo ideológico e pressão psicológica

Propaganda - O propósito do fascismo, desgraçadamente, é muito mais profundo (e perigoso) do que a vitória eleitoral do "coiso". O que aconteceu, conjunturalmente, foi a aparição de um representante institucional de ideias que, infelizmente, já existiam. O conservadorismo, através da mídia tradicional, patrocina, há algum tempo, uma ofensiva que evidencia a violência, o individualismo e a exclusão social.

Violência - Casos apresentados no rádio, de forma romanceada, por Gil Gomes e Afanásio Giazadi e, mais recentemente, imagens transmitidas pela televisão, com a narração de episódios violentos feitas por Datenas e Rezendes, são exemplos da propaganda que justifica intervenções militares e que faz a defesa (quase explícita) da posse individual de armas de fogo.

Exclusão - A apologia da meritocracia é feita de modo muito sutil, mas pretende ser eficaz para desmoralizar qualquer iniciativa de enfrentar as históricas desigualdades sociais provocadas pelo capitalismo. As cenas de estudantes, chegando em cima da hora do fechamento dos portões, são repetidas todos os anos, de forma aparentemente despretensiosa, querem demonstrar que todo mundo tem chances iguais, o que sabemos que não é verdade.

Racismo e machismo - Outro aspecto muito trabalhado pela mídia tradicional se refere às mulheres e aos negros, que são apresentados como exceções positivas e como exemplos negativos generalizados. A ficção mostra poucos casos de mulheres e negros como protagonistas. No noticiário, a maioria das vítimas de crimes violentos é de mulheres e de negros. Em boa parte dos casos, as vítimas são apresentadas como culpadas das próprias mortes. Jovens negros são acusados de andarem "em más companhias", e mulheres são apresentadas como como "causadoras da violência".

Ameaças -Uma escalada de ameaças e de intimidações provocou, neste final de semana, a morte de uma ativista dos direitos humanos, responsável pela ação contra um acusado por abuso sexual de mulheres. No caso de Jean Willys, ele passa a ser um exilado por causa de ameaças à sua segurança pessoal. No caso de Sabrina Bittencourt, ela passa a ser mais uma vítima do fascismo. Ameaçada por uma cultura machista e misógina, e depois de ser forçada a mudar de casa a cada quinze dias, ela decidiu pôr fim à própria vida.

Judiciário - A condenação sem provas do presidente Lula e o prolongamento do impasse jurídico em torno da decisão judicial parece longe de acabar. Está claro que a condenação só aconteceu para evitar que o presidente Lula concorresse ao pleito presidencial de 2018. A exposição pública de escândalos envolvendo familiares e apoiadores do "coiso" escancara ainda mais o absurdo. O magistrado, autor da sentença condenatória, integra o primeiro escalão da equipe do governo atual, o que é revelador de que ele cumpriu um papel e foi recompensado por isso.

Pressão - O comprometimento do poder judiciário com o golpe é evidente, mas, desgraçadamente, o limite do fascismo não é esse. A pretensão é afetar, psicologicamente, os defensores de ideias progressistas e democráticas e, com isso, provocar a saída do país (como aconteceu recentemente com o deputado federal Jean Willys) ou o suicídio (como aconteceu, neste final de semana, com a ativista dos direitos das mulheres Sabrina Bittencourt). Ao impedir a ida do presidente Lula ao velório e sepultamento de seu irmão, negando a ele um direito de qualquer sentenciado, os responsáveis pela decisão estão promovendo uma espécie de tortura psicológica que tem o objetivo de enlouquecê-lo. Felizmente, ele não está sozinho na resistência.  

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Espetáculos - Sempre gostei de ir a estádios de futebol. As torcidas sempre me fascinaram. Mais do que as disputas das partidas, as cenas d...