terça-feira, 13 de novembro de 2018

Direitos e preconceitos

Resistir - Apesar da prevalência do calendário eleitoral em nossas vidas, temos que ter em mente que não perdemos apenas mais uma eleição. O que aconteceu, desgraçadamente, é que valores como misoginia, machismo, racismo e homofobia, voltaram a dominar o cenário e o "coiso" foi apenas o representante institucional de ideias estapafúrdias que já existiam em parte da população.

Direitos - O projeto que venceu a eleição é o mesmo que havia sido derrotado em pleitos anteriores, mas, desta vez, ele veio acompanhado de um componente diferente. O antipetismo habitual se somou a valores anti-civilizatórios, e isso produziu um estrago ideológico que vai custar algumas gerações para ser superado. Não é razoável imaginar que vamos voltar no tempo, e reviver as senzalas para os trabalhadores, mas é necessário reconhecer que a supressão de direitos vai produzir situações parecidas com a escravidão e, pior, com o apoio dos próprios trabalhadores.

Civilização I - Em um tempo não muito distante, as pessoas com orientação sexual não heterossexual viviam uma vida clandestina. A violência era exercida através da intimidação permanente (em casa, no trabalho e na rua) e muitas pessoas tinham que esconder sua sexualidade, para evitar represálias da família, punições no local de trabalho ou atos violentos na rua.

Civilização II - O tempo passou, e a sociedade assimilou as orientações sexuais diferentes como componentes da pessoa humana, e essas pessoas passaram a ter um pouco de liberdade para viver. As famílias acolheram seus filhos e filhas, os atos violentos passaram a ser registrados (e reprovados por parte da população) e muitas empresas passaram a contratar profissionais que não são heterossexuais.

Preconceito - O processo eleitoral mais recente fez ressurgir antigos preconceitos. Eles nunca deixaram de existir, haviam se tornado sentimentos escondidos, e passaram a se apresentar à luz do dia. Com isso, desgraçadamente, os banimentos familiares voltaram a acontecer, demissões imotivadas passaram a fazer parte da rotina das empresas e os atos violentos contra homossexuais passaram a ser aprovados por parte da população.

Avanços - É óbvio que muitos dos avanços civilizatórios conquistados são irreversíveis. A maior manifestação de rua do Brasil (a marcha do orgulho LGBT) não sairá do calendário da maior cidade do país e o carnaval continuará sendo uma grande festa de cores e de alegria. Parte desses avanços não se devem ao espaço institucional, mas ao protagonismo de mulheres e homens que estamparam suas orientações sexuais na cara dos preconceituosos.

Resistência - Recuperar os direitos suprimidos e reafirmar que o ser humano deve ser livre para viver e amar são tarefas importantes da resistência, mas um mundo solidário e plural não é possível no capitalismo, onde o raciocínio dominante é o lucro a qualquer preço e o preconceito não existe somente por causa da orientação sexual, mas em função de criar pessoas de segunda classe, menos resistentes à exploração. A luta por mais direitos e pelo fim de todos os preconceitos é, portanto, uma luta anticapitalista.  

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