segunda-feira, 25 de maio de 2020

Democracia e resistência

Cumplicidade - É muito estranho que o presidente fascista ainda não tenha sido defenestrado. Atitudes e comportamentos fascistas estão sendo tratados, na mídia tradicional, como se fossem coisas normais. A explicação para que a loucura fascista continue sendo tratada com parcimônia por pretensos defensores do estado democrático de direito é a influência do sistema capitalista sobre as pessoas. Os que se colocam', mais abertamente, a favor do "coiso" são imbecis e preconceituosos como ele. Os que se omitem, e posam de neutros, são cúmplices do fascismo.

Neoliberalismo - Maluquices são noticiadas como atos corriqueiros do governo, principalmente porque a política econômica continua intacta. Não há nenhum sinal, por exemplo, de que a redução de gastos públicos seja revogada, e as medidas da equipe econômica do governo fascista indicam que pode haver um aprofundamento das desigualdades sociais depois da pandemia, o que pode significar um fortalecimento ainda maior da política econômica neoliberal e um reforço dos interesses dos bancos e das empresas do mercado financeiro.

Limites - É inegável que, depois da pandemia, nada será como antes. No Brasil está clara a necessidade de fortalecimento dos poderes públicos, especialmente no setor de saúde. Uma indicação importante disso é o comportamento do ministro da saúde Henrique Mandetta (indicação de Ronaldo Caiado), que se apresentava, todos os dias, com um colete do SUS. A dimensão das mudanças, entretanto, será sempre determinada pela força e politização dos movimentos sociais populares e pelo conteúdo das demandas e reivindicações dos trabalhadores.

Ditadura de classe - A distensão lenta gradual e segura promoveu a redemocratização do Brasil, mas garantiu que a dominação de classe continuasse. Não tivemos força política suficiente para implantar uma organização diferente da economia, e mesmo com os trabalhadores à frente da luta contra o autoritarismo, a sociedade capitalista foi mantida intacta, e a democracia representativa nunca atravessou os portões dos locais de trabalho. Mesmo sob regime aparententemente democrático, lideranças rurais foram assassinadas por jagunços do latifúndio e representantes de trabalhadores urbanos foram perseguidos e demitidos.

Resistência - A exploração do trabalho humano nunca aconteceu sem protestos e mobilizações. A ditadura da classe dominante não se aprofundou ainda mais por causa da atuação de sindicatos de trabalhadores, especialmente nas categorias profissionais mais organizadas. Mais recentemente, depois do surgimento do PT e da CUT, alguns direitos, como a redução da jornada de trabalho para 44 horas semanais, foram estendidos para todos os trabalhadores do país. A resistência ativa conseguiu amenizar a exploração da mão de obra, mas não foi suficiente para que a situação desfavorável para os trabalhadores fosse superada.

Fora Bolsonaro - O cenário para os próximos meses parece definido. O presidente fascista vai continuar sendo atacado por ex-aliados e ex-apoiadores, mas deve resistir no cargo por causa de apoio parlamentar do centrão e por causa da simpatia de seguidores totalmente desprovidos de caráter. Os seguidores mais fanáticos do "coiso" acreditam que a terra é plana, defendem mesmo que ele permaneça no governo federal, e pensam que é possível aproveitar a situação para aprofundar as medidas supressivas de direitos dos trabalhadores, o reforço do latifúndio e os ataques aos povos tradicionais.

Dilema - Embora exista uma consciência democrática genérica em nosso país, está claro que a política tradicional defende um inviável "capitalismo humanizado". É essa preferência que explica que ocorram ataques ao "coiso" mas, ao mesmo tempo, também existem críticas ao PT e à esquerda e também ajuda a entender as razões da insistência na tese da polarização. O sonho da Rede Globo é uma situação em que a disputa seja restrita a figuras públicas como Amoedo, Sérgio Moro, Geraldo Alckmin e Ciro Gomes. O dilema da esquerda, diante dessa situação, é escolher entre a criminalização que vinha acontecendo e o "suicídio político". Como não aceitamos a criiminalização dos movimentos sociais populares nem temos a intenção de cometer qualquer tipo de "haraquiri", vamos defender a unidade contra o fascismo e, ao mesmo tempo, vamos resistir.  

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