quarta-feira, 5 de junho de 2019

Enfrentar o fascismo e construir uma alternativa popular

Governança - Governos democráticos e populares, como as gestões do presidente Lula e da presidenta Dilma, buscam aprimorar o combate às desigualdades e exclusões, sem que, contudo, isto signifique uma transformação social muito profunda. O conteúdo das políticas públicas, também presentes em governos de estados e em administrações municipais, chega ao ponto de ser anticapitalista, sem, no entanto, chegar a ser socialista.

Equívocos - A adaptação à política tradicional é muito comum. Ações e iniciativas seguem um roteiro já existente e pré-determinado, colocando os movimentos sociais e populares à reboque da lógica institucional, o que pode legitimar algumas medidas e iniciativas dos governos comandados pelo capitalismo. Existem os que imaginam que um governo democrático e popular pode decretar a expropriação dos bens de produção e, com isso, implantar o socialismo.

Consequências - Não são poucos os casos em que militantes de esquerda disseminam a ilusão de que medidas anti-populares, essencialmente capitalistas, podem ser adaptadas aos interesses das classes populares. Também são frequentes as ocasiões em que defensores do socialismo acusam integrantes dos governos democráticos e populares de capitulação e de traição.

Alternativa - Para não colaborar com a lógica do sistema institucional e com a política tradicional e, ao mesmo tempo, para evitar contribuir com o discurso do conservadorismo contra o conjunto da esquerda, é necessário reforçar uma alternativa que combine a ação institucional com o incentivo ao protagonismo das classes populares. As lutas travadas no parlamento devem estar articuladas, permanentemente, com greves e ocupações. A defesa institucional de políticas públicas de combate às exclusões deve se combinar, sempre, com as mobilizações dos excluídos.

Dificuldades - Para construir e fortalecer essa alternativa existirão inúmeras dificuldades a serem superadas. A adaptação à política tradicional precisa ser combatida, concretamente, com o fortalecimento dos movimentos sociais populares e dos sindicatos de trabalhadores. Críticas e acusações devem ser substituídas por proposições concretas, que incentivem a ampliação da participação popular e que promovam o aumento das mobilizações.

Democracia - A luta democrática, e a construção de uma frente para travar essa luta, devem estar na ordem do dia de todas as discussões e debates. É complicado, no entanto, que a luta por mais democracia não esteja ligada com conteúdos capazes de promover mobilizações unificadas importantes e, ao mesmo tempo, de recuperar a capacidade de iniciativa da esquerda. 

Conteúdo - No enfrentamento contra a ditadura implantada pelo golpe de 1964, conseguimos reunir diversas forças políticas com bandeiras como a "anistia ampla, total e irrestrita" e a convocação de "eleições diretas" em todos os níveis. Na luta contra o fascismo devemos levantar as bandeiras em defesa da "liberdade do presidente Lula" e da "revogação de todos os cortes de gastos públicos".

Especificidades - As bandeiras gerais não devem impedir as lutas específicas dos estudantes por mais verbas para a educação, dos trabalhadores rurais por terra para quem trabalha nela ou dos aposentados em defesa dos seus benefícios. A palavra de ordem "Lula Livre" é um componente essencial da luta pela democracia e a "oposição aos cortes de gastos públicos" pode significar a retomada de investimentos públicos na educação, na reforma agrária e nas aposentadorias.

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