segunda-feira, 2 de março de 2020

Desafios e tarefas do PT e da esquerda

Luta política - A presença do PT na conjuntura recente do país é inegável. Somos o resultado da resistência contra o autoritarismo implantado pelo golpe de 1964. Em várias disputas eleitorais fomos acusados de não apoiar "a oposição que podia ganhar"; nos primeiros movimentos grevistas, quem era contra as paralisações afirmava que éramos os "causadores do desemprego"; e, na luta sindical, fomos chamados de "divisionistas e baderneiros", várias vezes. Fomos acusados, também, de sermos "defensores de bandidos" quando nos declaramos partidários dos "direitos humanos"

Referência - Mesmo diante de enormes dificuldades, construímos, ao longo do tempo, uma hegemonia política que não é desprezível. É possível afirmar, sem medo de errar, que a sociedade brasileira se divide, hoje, entre o PT e a esquerda, de um lado; e os defensores políticos do capitalismo liberal, do outro lado. Somos o resumo da luta anti-capitalista no Brasil.

Conteúdo - Temos que reconhecer, entretanto, que descuidamos do conteúdo do nosso discurso e da nossa atuação. A prática do oposicionismo nos fez priorizar o ataque aos nossos adversários e inimigos, e, ao mesmo tempo, a crescente institucionalização de nossa atuação reforçou nossa presença no parlamento e na administração pública, enfraquecendo nossa participação nos movimentos sociais populares e nos sindicatos de trabalhadores.

Dificuldade - A ausência de uma classe operária urbana ativa e mobilizada, especialmente provocada pelo avanço das tecnologias e pelo esvaziamento da ação sindical é outro aspecto das dificuldades atuais do PT. Manifestações públicas recentes não contam mais com um contingente operário importante. As presenças populares mais significativas nos atos públicos tem sido de ativistas dos movimentos de moradia e de sindicatos de servidores públicos.

Limitações - Ao celebrarmos 40 anos de história do PT, temos que considerar que avançamos em relação aos direitos das mulheres, dos negros e dos homossexuais, mas, ao mesmo tempo, temos que reconhecer que esses avanços foram insuficientes para eliminar a misoginia, o machismo, a homofobia, o racismo e a violência que ainda existem na sociedade brasileira. Ter a certeza de que estamos no caminho certo será, sempre, uma demonstração dos nossos limites.

Conservadorismo - Ideias imbecis e individualistas só obtiveram sucesso e reconhecimento porque são defendidas por parte importante da sociedade brasileira. O silêncio ensurdecedor em relação ao fascismo, por outro lado, significa um alerta importante sobre o conteúdo conservador, assimilado por uma parcela importante da população. O triunfo de absurdos como a "mamadeira de piroca", o "terraplanismo" e o "antipetismo" só foram possíveis por causa de pessoas que defendem essas ideias estapafúrdias e insanas.

Posicionamento - Nosso desafio mais importante, neste momento, é transformar o conteúdo programático que sempre defendemos em políticas públicas exequíveis, no curto prazo. Nas disputas eleitorais municipais, de outubro próximo, devemos reforçar nosso posicionamento anti-capitalista, revestindo esse posicionamento de conteúdos concretos que dialoguem com os movimentos sociais populares e, ao mesmo tempo, com a parcela da população que apoia ideias conservadoras.

Desafio - O principal problema que devemos enfrentar está na urgência de organizar os trabalhadores urbanos que, neste momento, são numerosos, mas que não têm participação ativa em nenhum tipo de associação ou sindicato. Os empregados das empresas de telemarketing e das redes de lanchonetes de comida rápida (por exemplo) estão, ainda, desorganizados na defesa de seus interesses e reivindicações. Esta desorganização sindical, em certa medida, é responsável por não termos conseguido, ainda, dialogar com uma parcela importante de pessoas.



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