sexta-feira, 8 de maio de 2020

Enfrentamento do capitalismo e construção da igualdade

Mudanças - Fui alertado, outro dia, sobre o excesso de otimismo de meu raciocínio político nessa época de pandemia. É certo que o mundo nunca mais será o mesmo, mas também é evidente que não existe força política capaz de instituir uma organização econômica diferente do capitalismo liberal.

Abandono - O presidente fascista pode cair, mas o motivo de sua queda não será a oposição progressista e de esquerda, mas a ausência de aliados que vão, pouco a pouco, abandonando o barco governista. O conteúdo de parte dos opositores liberais do "coiso" (ex-aliados) é muito parecido com o que vem sendo implantado pelo governo fascista.

Manutenção - O fato de não haver uma força política de esquerda, amplamente organizada nas classes populares, é um indício de que a política tradicional pode hegemonizar a transição, assegurando que as medidas implantadas desde o golpe de 2016 tenham sustentação política e soluções de continuidade.

Substituição - O cenário mais provável no mundo, depois da pandemia, é o aprofundamento da força do mercado financeiro, com o enxugamento dos poderes públicos e a ampliação das privatizações. Os ocupantes atuais de mandatos eletivos podem ser substituidos, mas o sistema capitalista, com poucas variações, deve ser mantido.

Dificuldade - A conjuntura política da reabertura, nas décadas de 70 e 80 do século passado, foi determinada por greves e mobilizações de categorias operárias e por sindicatos de trabalhadores que já não existem mais do mesmo jeito que existiram naquele período. Manifestações recentes tiveram a participação, quase que exclusiva, de sindicatos de servidores públicos e de dirigentes de movimentos sociais populares.

Valores - A forte presença operária, ainda que tivesse conteúdo classista e libertário, não conseguiu estender suas conquistas para o conjunto das classes populares. Os avanços alcançados nunca foram transformados em valores humanitários e, desgraçadamente, parte das pessoas assimilou outros valores, como racismo, misoginia, homofobia e xenofobia.

Conteúdo - A luta de classes, mais explícita naquele período, cumpriu a tarefa importante de aproximar os trabalhadores dos bairros das periferias das grandes cidades. Isso possibilitou, por exemplo, o desenvolvimento de lutas reivindicatórias por creches e contra o custo de vida, mas, infelizmente, não conseguiu influenciar o pensamento dominante.

Limites - A limitação da influência do movimento operário, determinada pela distensão lenta e gradual, impediu que pudéssemos dar dimensão mais ampla às conquistas que alcançamos, em cada categoria profissional. Os trabalhadores, organizados em sindicatos, lutam pela manutenção dos seus direitos, mas as pessoas que moram nas ruas, sem qualquer representação, não têm como se defender.

Hegemonia - Todos os dias, no noticiário, assistimos o relato do sobe e desce das bolsas de valores, com a nominação dos nomes de empresas com o respectivo valor de face de suas ações. E isso acontece, normalmente, mesmo em tempos de pandemia. Nunca vimos a divulgação do valor da mão de obra do trabalho humano. O capitalismo reforça a exploração da mão de obra humana e prioriza lucros empresariais, em detrimento de vidas humanas.

Otimismo - Mesmo diante da perspectiva de que o capitalismo liberal consiga impor uma agenda de aprofundamento da exclusão social, continuo otimista com relação ao futuro. Vai dar um pouco de trabalho inverter essa pauta, mas acho que vai valer a pena. Sou anticapitalista porque acho que esse sistema não tem nada a oferecer para os seres humanos. Prefiro pensar que a solidariedade vai vencer o egoísmo e que vamos construir um mundo em que haja justiça social e igualdade.                   

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