quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Mídia e política

Posicionamento - Com exibição em rede nacional, no final da tarde de domingo, a Rede Globo de Televisão anunciou, publicamente, seu projeto político para o país. A ideia é financiar um grupo de candidaturas, em vários partidos políticos, com base em um discurso de renovação da política e das instituições. À frente do projeto, um casal de apresentadores da emissora e um grupo de apoio empresarial responsável pelo financiamento da ideia. Nem o casal de apresentadores globais nem o grupo empresarial são novidades na política. Em comum entre eles a oposição ao PT e a qualquer proposta de governo democrático e popular, e a defesa genérica da moral e da ética na política. 

Potencial - O grupo, lançado em rede nacional numa tarde de domingo, tem potencial para eleger (imediatamente) uma bancada parlamentar nacional numerosa, e de influenciar projetos locais nos estados e municípios. Não é absurdo admitir que, dentro de pouco tempo, o agrupamento conquiste uma hegemonia nacional, incorporando figuras públicas e projetos, hoje organizados no PMDB, no PSDB, no PTB, no DEM e em legendas desconhecidas da maioria da população. A situação pode ser responsável por uma nova conformação do cenário político brasileiro, especialmente porque, do lado das forças democráticas e populares não se conhece iniciativa equivalente com a mesma envergadura.

Contraponto - O posicionamento político das Organizações Globo torna urgente a construção de um contraponto capaz de apresentar, para a sociedade brasileira, um projeto político que ultrapasse os limites da contestação das injustiças e que se proponha a recuperar a bandeira do socialismo e da igualdade entre as pessoas. A tentativa mais recente nesse sentido (a fundação do PT) é limitada ao espaço institucional. Reconhecer o limite institucional da nossa atuação política  não pode significar um simples "mea culpa", mas deve reconhecer a importância da atuação no espaço público atual (casas parlamentares, governos e tribunais), e ampliar a intervenção em espaços públicos ainda pouco valorizados (conselhos e comissões de participação popular). 

Noticiário -  A ofensiva da tarde de domingo não substitui a prática convencional da mídia tradicional na divulgação de notícias e no compromisso político com o golpismo. O caso da ministra do trabalho, cuja posse foi impedida judicialmente, não teve a veiculação do posicionamento de qualquer figura pública de oposição ao governo sem voto. É impossível que a filha do Roberto Jefferson não tenha a oposição de nenhum parlamentar de seu estado de origem. Mesmo sendo filiado e militante do PT não tenho a pretensão de que o questionamento seja feito por um integrante do mesmo partido político. Poderia ser qualquer membro do PSOL ou da Rede Sustentabilidade. O objetivo midiático, no entanto, é mais uma iniciativa que tem o objetivo de fortalecer a ideia de "judicialização da política", o que pode favorecer o discurso moralista das candidaturas do grupo apoiado pelas Organizações Globo

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