terça-feira, 18 de junho de 2019

Ofensiva ideológica

Ideologia - A disputa eleitoral mais recente foi definida por valores que existem na população há algum tempo. Posicionamentos preconceituosos contra os negros, contra as mulheres e contra os homossexuais sempre fizeram parte do cotidiano, mas, na eleição presidencial de 2018 esse tipo de posicionamento foi determinante para eleger o "coiso".

Moral - Também foram preponderantes para o resultado da eleição presidencial a disseminação de alguns valores que são contrários aos avanços da civilização humana. Não é nenhum absurdo reconhecer, por exemplo, que a interrupção da gestação é largamente praticada, no Brasil, por mulheres pertencentes a classes sociais mais abastadas. O discurso anti-aborto do "coiso" e de seus seguidores, no entanto, ajudou muitos eleitores no momento da definição do voto.

Armas -  A disseminação de valores armamentistas foi outro componente importante da campanha eleitoral. A liberação para a posse individual de armas de fogo ultrapassa o evidente favorecimento da indústria bélica e busca dialogar com a sensação de insegurança, disseminada pelos grandes veículos de comunicação, e com inferioridade psicológica das pessoas que, influenciadas pela mídia tradicional ou personagem de algum ato violento, enxergaram na propaganda do "coiso" uma forma inédita de auto-afirmação. 

Discurso - O fascismo foi bem sucedido porque valores preconceituosos e armamentistas já existiam na população. Não seria correto ignorar a importância relativa de notícias falsas e do golpe de 2016 no resultado da eleição, mas é inegável que o conteúdo programático do discurso do "coiso" foi eficaz em dialogar com as pessoas e em reforçar nelas o sentimento fascista que já tinham. 

Institucionalização - Enquanto isso, do nosso lado, estávamos nos especializando na participação em governos e administrações e nos parlamentos. Não é desprezível a representação institucional dos partidos da esquerda brasileira, especialmente se considerarmos que o conservadorismo nunca deixou de nos atacar. Não é o caso de abandonar a trincheira institucional, mas temos que reconhecer quem o descuido em relação ao debate ideológico facilitou a escalada do fascismo e a disseminação de ideias que contrariam os avanços da civilização humana. Será necessário, sempre, combinar a ocupação do espaço institucional com a disputa pela consciência das pessoas.

Tarefas - O desafio mais importante dos próximos anos é empreender uma ofensiva ideológica que seja capaz de recuperar, nas pessoas, posicionamentos mais condizentes com os avanços da civilização humana e com as ideias que a esquerda sempre defendeu. A recuperação da ofensiva ideológica deve ocorrer ao mesmo tempo em que continuamos a disputar espaço nas instituições e que nos dedicamos a organizar os movimentos sociais populares, sempre na perspectiva de um mundo melhor e mais justo. 

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