sexta-feira, 6 de março de 2020

Preconceitos e aparências

Sexualidade - A vida sexual das pessoas nunca deveria ter se tornado tema de debate político. Cada pessoa deveria ter, desde sempre, o conhecimento necessário do próprio corpo e a governabilidade sobre si mesmo. Não sei bem quem foi que começou essa onda de interferir na vida das pessoas, mas desconfio que isso teve início porque, em alguns casos, os direitos naturais ao autoconhecimento e à autodeterminação pessoal foram retirados por legislação eventual, patrocinada por moralistas.

Dualidade - Sabemos que, no nascimento, os indivíduos carregam consigo um sexo biológico e uma orientação sexual que será determinante, posteriormente. Sabemos também que as pessoas, inicialmente, podem ter características que não correspondem ao aspecto físico determinante para a definição do sexo da criança. Isto faz com que, tempos depois, o indivíduo se descubra diferente (exatamente o contrário) do seu registro de nascimento.

Aparências - Homossexuais masculinos e femininos, muitas vezes, não carregam características que os identifiquem. As expressões "viado" e "sapatão" pouco significam para a comunidade gay e, na maioria das vezes, são identificados com preconceitos que temos que superar. Há, ainda, o aspecto da clandestinidade, que assegura a convivência social, sem contar a hipocrisia, que é comum entre alguns homofóbicos que, na verdade, têm dificuldades em assumir a própria sexualidade.

Orientação - A civilização humana já avançou até o ponto em que nomes sociais podem ser usados, naturalmente, em várias ocasiões, mas isso, infelizmente, ainda não é muito comum. As exceções confirmam que, para enfrentar o preconceito na família, na escola, no bairro e no trabalho, muitas pessoas preferem continuar usando o nome do registro de nascimento. Essa clandestinidade sexual é muito grande nas periferias das grandes cidades.

Exceções - A presidiária transexual que não recebia visitas há oito anos é o típico caso de uma pessoa que decidiu asumir a própria sexualidade. Por isso, foi abandonada. O que o médico Drauzio Varella fez foi muito além de ser afetuoso com uma pessoa que merece ter afeto. É óbvio que o abraço deve ser replicado e repetido, mas a atitude do médico revelou que existem inúmeros casos semelhantes e sem divulgação. A existência resistente de preconceitos e o discurso do governo fascista pode piorar uma situação que já é ruim.

Liberdade - Sonho com uma sociedade em que recuperemos as possibilidades de autoconhecimento e de autodeterminação pessoal. Essa situação só será alcançada se formos tolerantes e generosos com todas as pessoas. Os preconceitos precisam ser superados e, no caso específico da orientação sexual, as pessoas heterossexuais terão papel importantíssimo nessa superação. Participar de mobilizações específicas da comunidade gay pode significar romper o isolamento em que algumas dessas pessoas se encontram. Ser afetuoso com quem merece afeto pode significar romper uma barreira que traga esses seres humanos para o convívio com todas as pessoas.  

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