quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Versões, narrativas e consequências

História - A consolidação de versões, que influenciam o senso comum, sempre foi uma iniciativa das classes dominantes. O objetivo imediato é influenciar decisões e deliberações, e conquistar o apoio do povo em situações em que esse apoio não é automático. O processo de construção de narrativas sempre se dirige ao inimigo, sem que este tenha qualquer culpa, e faz desse falso "perigo" um argumento importante, que serve para o momento conjuntural.

Momentos - As consequências das decisões tomadas com base em versões são impossíveis de serem desfeitas ou muito difíceis de serem revertidas. Sabemos, hoje, que era mentira que as mulheres acusadas de serem bruxas fossem feiticeiras, mas, essa constatação não as devolveu a vida. Elas já haviam sido executadas. O presidente Lula foi acusado injustamente e condenado por causa de atos que nunca cometeu. A evidência da farsa, no entanto, não vai apagar o fato de ele ter ficado preso injustamente durante 580 dias.

Exemplos - No caso do presidente Lula e do PT, a enxurrada de notícias negativas foi tão grande, que comprometeu a democracia representativa e, mesmo que as sentenças sejam anuladas, isto não significa que a pecha de "ladrão" seja superada rapidamente. As classes dominantes se aproveitaram da situação para hegemonizarem o debate público, e o combate à corrupção demonstra como o conteúdo das discussões é direcionado. O caso do "leite condensado", que hegemoniza o noticiário e as redes sociais nos últimos dias é um triste exemplo de como as coisas podem acontecer. 

Cortina de fumaça - No mesmo espaço de tempo em que a suspeita de corrupção ocupou o noticiário e as redes sociais, o ministro da economia do "coiso" anunciou que o auxílio emergencial só retorna se houverem cortes na educação e o governo federal promoveu um corte de 70% nas verbas da pesquisa científica. A hegemonia da narrativa de combate à corrupção resultou na legitimação da política de corte de gastos públicos. O objetivo da narrativa moralista foi favorecer os interesses dos proprietários de títulos da dívida pública. A exposição do combate hipócrita à corrupção serviu para encobrir (ou secundarizar) medidas que favorecem os bancos. 

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