Ditadura - No final da ditadura militar, o conservadorismo conseguiu hegemonizar a transição para a democracia, impondo medidas que tornaram a mudança lenta e gradual, além de incompleta. Eu estava entre os que pretendiam a radicalização da democracia, com a implantação imediata de eleições diretas em todos os níveis e, especialmente, com a democratização das relações de trabalho. Os sindicalistas que reforçaram a transição conservadora usaram de violência, acusando os defensores da radicalidade democrática de "inimigos da unidade".

Unidade - Seria simplificar demais dizer que a violência era praticada, exclusivamente, por profissionais contratados pelos pelegos. É óbvio que esse tipo de violência acontecia, mas operários raivosos também investiam contra os "divisionistas", e esta pode ser uma infeliz coincidência com os defensores do "coiso". Eu e mais um companheiro tivemos que sair pela janela de uma reunião, para escapar de uma dessas agressões. Episódios parecidos aconteceram, na mesma época, sempre descritos como brigas entre "dois lados violentos". Os agressores nem sempre eram capoeiristas contratados pelo pelego. Em muitos casos, eram sindicalistas operários, defensores da "unidade".

Intimidação - O uso da violência como argumento não é uma novidade. A apologia das guerras e o discurso patriótico são mais fortes do que a defesa da paz. O "coiso" pode parecer uma alternativa como procurou ser a "transição lenta, gradual e segura", mas essa história não vai se repetir. A luta contra o ódio e o fascismo sempre existiu, e vai continuar. Estaremos, sempre, na trincheira da defesa da liberdade e da democracia. O ódio não representa a maioria das pessoas, e a insanidade não combina com os avanços da civilização humana.