terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Carnaval e disputa política

Carnaval - Ainda não aconteceu a apuração, mas é esperado que os aplausos à Escola de Samba Paraíso do Tuiuti se limitem a pessoas que lutam contra o golpe. Mesmo que haja um consenso generalizado sobre um dos dizeres do samba, quando afirma que "não sou escravo de nenhum senhor", isto não significa que este refrão vá ser vitorioso no carnaval de 2018. O título deve ficar com alguma escola de samba que reproduziu, na passarela do samba, o discurso genérico contra a corrupção, muito disseminado pela mídia tradicional, com a óbvia seletividade antipetista.

Dependência - Os desfiles das escolas de samba se transformaram,  com o tempo, em um negócio altamente caro e, ao mesmo tempo, muito lucrativo. A manifestação popular, inicialmente livre e espontânea, se tornou dependente de patrocínios privados e subvenções públicas. Não é estranho que uma das agremiações mais tradicionais de nosso Carnaval tenha centralizado seu enredo no protesto contra o corte de subsídios da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. A redução de subsídios oficiais não inviabilizou a folia. Foi responsável pela ampliação da criatividade dos sambistas, mas não escondeu a realidade de que a dependência generalizada precisa ser superada.

Quilombo - Antonio Candeia Filho, um visionário do Carnaval, previu o crescimento da influência do poder econômico sobre a festa popular, e fundou a Escola de Samba Quilombo, uma agremiação que teve o objetivo de se desenvolver sem subsídios oficiais e sem financiamentos privados e que, assim, apresentasse, na passarela do samba, a oposição ao capitalismo liberal. Um dos maiores sambistas do Brasil, Candeia será lembrado pela utilização do samba como instrumento de resistência da população negra, capaz de falar sobre os amores sem perder a possibilidade de contestar o racismo e a exclusão social.

Espetáculo - O sambista Candeia é homenageado por um musical que esteve em cartaz no Teatro Oficina em 2017. O espetáculo volta a ser apresentado, no mesmo teatro, nos meses de fevereiro e março, sempre nos finais de semana (aos sábados, às 20 horas. E aos domingos, às 19 horas. Os promotores do musical "É samba na veia... é Candeia" vão divulgar, nos próximos dias, o preço e a forma de adquirir os ingressos para o espetáculo. Mais informações podem ser obtidas no facebook, através do link https://www.facebook.com/SambaNaVeiaCandeia/.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Luta democrática

38 anos - Neste último sábado, dia 10 de fevereiro, o Partido dos Trabalhadores completou mais um aniversário de fundação. A assembleia oficializou a existência do PT reuniu militantes de organizações de esquerda que participaram da resistência ao autoritarismo, dirigentes e militantes de sindicatos de trabalhadores e de movimentos sociais populares. As conquistas dos anos anteriores ganharam o reforço de uma agremiação partidária, que teria a tarefa de representar os interesses e as demandas populares no espaço institucional.  A conquista da democracia política (com o restabelecimento das eleições diretas em todos os níveis), a redução da jornada de trabalho para 44 horas semanais e a construção de organizações nos locais de trabalho são alguns dos exemplos da acumulação construída pelos movimentos sociais populares no último período da ditadura. A fundação do PT buscou organizar politicamente os trabalhadores e, ao mesmo tempo, teve o objetivo de transformar essas conquistas em leis que passaram a fazer parte de nosso cotidiano, avanços que o golpismo pretendeu eliminar.

Golpe nunca mais - O esforço para defender a institucionalização das conquistas significou o fortalecimento do PT e contribuiu, em 2002, para a condução do primeiro operário à presidência da república. Defendida pelo presidente Lula, a ideia essencial do governo democrático e popular foi a de, mesmo reconhecendo a existência da dívida pública, evitar que ela seja paga com o suor e o sangue do povo brasileiro. É óbvio que as elites do país nunca aprovaram a proposta petista, e sempre buscaram inviabilizar a governabilidade dos mandatos do presidente Lula e da presidenta Dilma Roussef. Os ataques ao PT não foram poucos, até que os golpistas chegassem, em agosto de 2016, ao processo que resultaria na condução de um presidente sem voto ao poder e à implantação de políticas públicas de supressão de direitos e de eliminação dos avanços e conquistas dos últimos anos.  

Resistência - Os ataques ao PT não se encerraram com o golpe de agosto de 2016. A seletividade da mídia tradicional reforçou o objetivo golpista de afastar o presidente Lula da disputa eleitoral de 2018. Em contrapartida a essa ofensiva golpista, os movimentos sociais populares inauguraram comitês "Comitês em defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato". As iniciativas, ainda que restritas ao espaço institucional e ao calendário eleitoral, são responsáveis pela mobilização dos mesmos atores que lideraram o enfrentamento contra os interesses das classes dominantes.

Carnaval - Os festejos de fevereiro sempre tiveram, como componente importante, o protesto contra governos e administrações. A realidade de 2018 facilitou a tarefa de disseminação do protesto. No Rio de Janeiro, uma escola de samba (a Mangueira) desaprovou o corte de verbas da prefeitura para a festa popular. Também na capital fluminense, outra escola de samba (a Acadêmicos do Tuiuti) protestou contra o governo federal, apresentando o presidente sem voto (no alto de um carro alegórico, caracterizado como vampiro), protestando contra a política supressiva de direitos (como o fim do registro na carteira profissional) e apresentando uma realidade que amplifica a escravidão de seres humanos (mesmo mais de um século depois da abolição da escravatura). O sucesso de protestos registrados nesse período costumam ficar restritos ao Carnaval. Desta vez as coisas podem ocorrer de modo diferente, principalmente por que o prefeito do Rio de Janeiro é desaprovado pela maioria da população e o governo golpista não é defendido abertamente nem pelos mais ferrenhos antipetistas. 

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

A luta pelo socialismo

Desigualdade - Não é incomum a impressão de que as inovações caminham, muito rapidamente, para transformar o mundo em um local em que as facilidades proporcionadas pela tecnologia tornem a sobrevivência moderna mais digna para todas as pessoas. O problema é que esses avanços não são distribuídos igualmente entre as pessoas, e uma minoria tem se apoderado disso em benefício pessoal. O enriquecimento individual é responsável direto pelo aumento da miséria. Os muito ricos são cada vez em número menor, enquanto que os mais pobres formam uma maioria cada vez mais significativa.

Exploração - No início dos anos 90 do século passado, participei de reuniões das Câmaras Setoriais realizadas em Brasília. A então ministra Dorotheia Werneck, titular do ministério do Indústria e Comércio, em nome do governo federal, então comandado por Itamar Franco, conduziu debates que pretenderam legitimar os avanços empresariais contra os direitos dos trabalhadores. Para os patrões, a tecnologia só teria serventia se viabilizasse a intenção empresarial de "poupar mão de obra". Para os trabalhadores a prioridade deveria ser a de eliminar "tarefas perigosas e insalubres" do processo de produção. Nos retiramos dos debates e, com isso, perdemos aquela batalha. Seria impossível vencer. O interesses empresariais estavam representados por eles mesmos e pelo governo federal da época. Se ficássemos, teríamos legitimado a superexploração da mão de obra e a legalização de exércitos de reserva, que diminuem os níveis salariais e que possibilitam, hoje, que a unidade de São Bernardo de uma empresa do porte da wolkswagen (que já funcionou com mais de 40 mil trabalhadores), aumente o nível de produção com o emprego de pouco mais de 15 mil operários.
Socialismo - Sou capaz de compreender o posicionamento político dos militantes de esquerda que discordam do presidente Lula e que pretendem manter distância do projeto eleitoral lulista para outubro de 2018. Eu mesmo tenho dúvidas em relação ao posicionamento ideológico dele. O presidente Lula, no entanto, representa, hoje, tudo o que lutamos durante os últimos anos. A acumulação ideológica e política, obtida nas greves e mobilizações, se transformou no PT e na candidatura presidencial que lidera todas as pesquisas de opinião. Neste momento da luta de classes, ele representa tudo o que avançamos até aqui, e é a esperança de aprofundamento das mudanças. A transformação plena e total da sociedade capitalista, com a implantação do socialismo, será conquistada através de muitas lutas, e o momento institucional vivido neste momento da conjuntura brasileira, é parte da trajetória que nos conduzirá a um mundo mais justo e mais humano. 

Golpismo e tecnologia

Tecnologia - É inegável o avanço da tecnologia, e isto é inevitável. A proliferação de aparelhos eletrônicos e de atitudes virtuais, no entanto, pode contribuir para a secundarização de ações diretas e presenciais, raciocínio que pode ser aplicado tanto para um abraço ou cumprimento pessoal, como para uma manifestação pública. Sou frequentador assíduo da blogosfera, e me sinto bem em apresentar minhas reflexões no espaço virtual. Mas confesso que sinto falta de estar presente em reuniões produtivas (e cansativas), onde se praticava o convencimento, se exercitava o argumento e se preparava a mobilização contra o governo e contra o capitalismo. Não sofro do mal chamado de tecnofobia (medo do avanço da tecnologia) mas penso que as ações diretas presenciais são insubstituíveis.

Transporte - O prefeito paulistano, eleito em 2016, pretende tirar de circulação os coletivos que fazem a ligação dos bairros mais distantes com a área central da maior cidade do país. A ideia do gestor é limitar os itinerários aos terminais de ônibus, onde seria possível o embarque para o centro da cidade. A medida se encontra em fase de consulta pública, mas é evidente que o processo aparentemente democrático é uma mera formalidade pra que se diga, posteriormente, que a população foi consultada. Como contrapartida à iniciativa do prefeito tucano, circula na internet uma petição pública contrária à medida. O abaixo assinado virtual pretende demonstrar que há um descontentamento da população em relação à ideia do prefeito gestor. A assinatura de uma quantidade grande pessoas é muito importante. Quem quiser aderir é só clicar no link http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR104383. Não sou pessoalmente contrário a essa mobilização virtual, tanto que já assinei o abaixo assinado, mas considero a iniciativa insuficiente para barrar a implantação da medida. Para que aconteça um recuo do prefeito gestor, será necessário associar a mobilização virtual com a realização de manifestações públicas que expressem, ao vivo e a cores, o descontentamento da população com a intenção do prefeito tucano.

Educação - O governo sem voto divulgou, com insistência, números de uma consulta pública sobre educação básica, supostamente realizada recentemente. Segundo a propaganda oficial, "mais de setenta por cento da população aprova as mudanças na educação". Na prática, no entanto, a mudança significou a eliminação de salas de aula em todo o país, com a dispensa de educadores e funcionários do setor, e a diminuição da qualidade do ensino. Professores e servidores públicos da educação pertencem a categorias profissionais organizadas e permanentemente mobilizadas em defesa de seus interesses e reivindicações. Ainda assim, o governo sem voto, com o apoio do golpismo, vem conseguindo implantar um sistema educacional que, no futuro, pode produzir cidadãos e cidadãs sem formação suficiente para questionar a organização da sociedade capitalista, e somente preparados para atender as demandas do sistema. 

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Celebrações importantes

Popular - Na manhã deste sábado, dia 3 de fevereiro, aconteceu uma festa popular que há muito não se via.   Integrantes de movimentos sociais de vários bairros da região sul de São Paulo se reuniram para promover a inauguração popular do Viaduto Dona Marisa Letícia, na região do M'Boi Mirim, perto dos bairros Jardim Angela e Piraporinha . Convocados pelo Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores, os militantes sociais populares da zona sul deram uma resposta vigorosa ao prefeito tucano da cidade de São Paulo, que havia cancelado a solenidade oficial de inauguração, com a intenção de reforçar o discurso odioso antipetista. Além de enfrentar o ódio, os movimentos sociais populares da zona sul iniciaram o caminho de combinar a luta institucional, com batalhas ferrenhas no parlamento, com a ação direta viabilizada através de manifestações populares.

Aniversário I - Na manhã deste domingo, dia 4 de fevereiro, participei da celebração de aniversário da Milena, uma das minhas filhas. A comemoração aconteceu em meio a um evento da entidade que ela participa, na missa das 10 horas da Igreja da Boa Morte, localizada na Rua do Carmo, no centro da cidade de São Paulo, e teve como ponto importante, a afirmação do celebrante de que "a escolha de um caminho de fé é também um sinal de que muitos desafios e provações deverão ser enfrentados e superados".

Aniversário II - O aniversário de vida da Milena, ocorrido neste domingo, por muito pouco não coincidiu com a passagem do primeiro aniversário da morte de Dona Marisa Letícia, motivação para a solenidade de inauguração popular ocorrida no sábado. Na noite do dia 3 de fevereiro, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, missa celebrada por Dom Angélico Sândalo Bernardino lembrou a passagem da data, teve o objetivo de manifestar a repulsa ao ódio desferido contra a eterna primeira dama do país e de demonstrar que a neutralidade da ação religiosa não pode servir de escudo para legitimar a ofensiva de exploradores perenes dos direitos dos trabalhadores.          

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Presença permanente

Homenagem - Aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo ao nome de Marisa Letícia foi dado a um viaduto na zona sul da cidade. A lei foi sancionado pelo presidente do poder legislativo municipal que, na época, ocupava a cadeira de prefeito da maior cidade do país. O prefeito tucano da cidade, ao reassumir o cargo, cancelou cerimônia de inauguração que já estava marcada, o que provocou o agendamento para este sábado (dia 3 de fevereiro), a partir das 10 horas, de uma inauguração popular para o viaduto.

Militante I - De modo muito diferente de outras mulheres da política, Marisa Letícia foi militante ativa durante toda a sua vida. Mesmo tendo sido primeira dama do país durante oito anos, ela manteve a postura de ter sido uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores. Quem conviveu com ela na época da fundação do PT nunca vai se esquecer da mulher que coletava assinaturas para formalizar adesões e, com isso, viabilizar o registro da legenda na Justiça Eleitoral.

Militante II - Marisa Letícia foi muito mais que uma reles coletora de assinaturas de adesão ao PT. Ainda quando o presidente Lula concentrava sua militância no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, ela esteve à frente de grandes manifestações da categoria, juntamente com companheiras, esposas e namoradas de outros operários.

Protesto - O evento acontece num momento importante para a história brasileira. O golpismo pretende realizar uma eleição presidencial sem a presença de Lula. Uma das formas de barrar a intenção golpista é a união de todas as forças políticas que pretendem o aprimoramento das mudanças iniciadas pelo presidente Lula. Ela continua fortalecendo a luta dos trabalhadores. Sua presença é permanente entre nós. 

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Punibilidade e generosidade

Vexatório  - Há uma ofensiva da mídia tradicional em potencializar, na opinião pública, a justificativa para a penalização individual de acusados e suspeitos de corrupção. Característica visível dos grandes veículos de comunicação aliados do golpismo, a seletividade antipetista na divulgação das informações, algumas vezes, cede lugar para a exibição de imagens que reforçam o justiçamento de figuras públicas que, recentemente, ocuparam cargos públicos. Um ex-governador do Rio de Janeiro foi mostrado, em rede nacional, algemado e com correntes nos pés, numa demonstração explícita de que o castigo implacável e vexatório pode ser o destino de acusados e suspeitos de corrupção. Não que ele seja digno de qualquer tipo de defesa, mas a exibição vexatória tem o objetivo ideológico de legitimar o castigo individual, desprezando qualquer possibilidade de solução coletiva ou geral sobre a corrupção política.

Implacável - O ex-governador fluminense não é o primeiro a ser mostrado na televisão em situação vergonhosa. O ex-prefeito paulistano Celso Pita também teve seus momentos de fama diante das câmaras, acusado de corrupção, enquanto seu mentor só foi preso recentemente, muito tempo depois. Diferentemente de seu pupilo, o mentor de Pita foi exibido como idoso e doente, buscando conquistar a opinião pública para a estranha teoria do "rouba mas faz".

Objetivo - A intenção da mídia tradicional, ao exibir essas imagens, é a de reforçar, na opinião pública, o senso comum de que a punibilidade individual é suficiente no enfrentamento da corrupção, ignorando totalmente qualquer possibilidade de reestruturação global do funcionamento dos poderes públicos, de modo a evitar que episódios de corrupção continuem se repetindo. 

Seletividade - O comportamento midiático também não se esquece de destacar a necessidade de punição à esquerda, em geral, e aos petistas, em particular. A exibição frequente de vexames busca favorecer o discurso de ódio dos antipetistas que, mesmo assim, não conseguirá superar o sentido de solidariedade e de generosidade defendido por integrantes do PT e da esquerda.            

O futebol e a defesa da vida

Espetáculos - Sempre gostei de ir a estádios de futebol. As torcidas sempre me fascinaram. Mais do que as disputas das partidas, as cenas d...