
O livro "O feijão e o sonho", de Orígines Lessa, se ocupa com essa dicotomia, que existe em cada pessoa, mas que é mais comum acontecer com casais. No caso da história contada pelo escritor lençoense, a diferença se dá entre um poeta e sua mulher, ele mais ligado aos sonhos; e ela aferrada à realidade do dia a dia e das contas a pagar.
Li o livro na minha juventude e, depois de anos, visitei as mesmas páginas. Já com a experiência que me foi presenteada pelo tempo, pude verificar que a limitação dos sonhos é determinada, muitas vezes, por um sistema de desigualdade e de injustiça. Os sonhos ficam mais distantes por causa do avanço de um senso comum que despreza a poesia e privilegia o lucro.
Não sei qual foi o objetivo do escritor. Não tenho informação se ele chegou a defender o fim da sociedade injusta em que vivemos. Penso, sinceramente, que ele não deve ter ficado contente pelo uso oportunista de seus escritos.
O livro concentra a narrativa na figura do poeta, taxando-o de irresponsável, como se a poesia fosse condenável, e como se a única felicidade possível tenha que estar ligada, obrigatoriamente, à defesa da sobrevivência material. Ao fim do livro, o poeta descobre, para sua alegria, que seu filho seguirá o mesmo destino que ele, e se tornará escritor.
A vida, mesmo diante de dificuldades, nunca poderá existir sem que existam sonhos e projetos. A recomendação da leitura está, obrigatoriamente, ligada à valorização dos sonhos e da poesia. Vale a pena ser sonhador e ser feliz, mesmo diante de inúmeros problemas. A publicação pode ser encontrada no site estante virtual (https://www.estantevirtual.com.br/b/origenes-lessa/o-feijao-e-o-sonho/109625012), com preços a partir de R$ 3,00 + frete.
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