terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Justiça social

Provisoriedade - A suspensão da posse da ministra nomeada pelo presidente ilegítimo não deve ser festejada pelos adversários do golpismo. A medida é precária e reversível, e pode ter apenas o papel de adiar a investidura da filha do deputado federal Roberto Jefferson no cargo de ministra do trabalho. O caráter cautelar da decisão judicial é revelador do papel do poder judiciário na conjuntura atual. A ministra nomeada é filha de um parlamentar que sempre foi ligado ao poder executivo, independentemente de quem o ocupasse. Ele integrou a tropa de choque do ex-presidente Fernando Collor. O golpismo contou com ele para a ofensiva de desestabilização do governo democrático e popular comandado pelo presidente Lula. A nomeação de sua filha é uma espécie de pagamento por serviços prestados e, como a decisão judicial não questiona esse aspecto, tende a legalizar a troca de favores e a consagrar os objetivos do golpismo.

Hipocrisia - O discurso em defesa da moralidade administrativa não é somente hipócrita e mentiroso. A luta contra a corrupção tem o objetivo explícito de atacar figuras públicas identificadas com os interesses das classes populares. Defensores de punição sumária para acusados e suspeitos de corrupção, quando flagrados em atitude suspeita, simplesmente desaparecem do noticiário. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o ex-senador Demóstenes Torres. Corruptos notórios, ligados ao golpismo, são poupados de denúncias mais contundentes, e seguem influenciando o espaço público. 

Julgamento - Apesar de o nome do presidente Lula ser o objeto do julgamento de Porto Alegre no próximo dia 24, o que estará em discussão não é a culpabilidade ou a inocência do operário, mas a viabilidade de um projeto político de igualdade e justiça social. A provável condenação do líder de todas as pesquisas de opinião pretende sinalizar, para a sociedade brasileira, a inviabilidade de um projeto democrático e popular. A decisão judicial, no entanto, não pode desanimar os lutadores de todos os tempos. Os golpistas não poderão se declarar vencedores incontestes da luta histórica entre capital e trabalho e os lutadores sociais não serão reduzidos a "sub-extrato de pó de bosta do cavalo do bandido". Apesar da ofensiva golpista, a luta pela igualdade sempre estará presente na vida dos seres humanos.

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