quarta-feira, 11 de abril de 2018

As possibilidades de aprofundamento do golpe

Deslize - O ato falho da tarde de ontem, quando apresentadora de telejornal global chamou o presidente ilegítimo de "ex-presidente", pode não ter sido um equívoco na leitura de uma notícia, mas um aviso para que Michel Temer deixe o cargo que ocupa, com a maior brevidade possível. O golpismo, com a Rede Globo à frente, prefere um governo abertamente autoritário, comandado por militares, e já mostrou, mais de uma vez, integrantes do governo sem voto em situações suspeitas. A mídia tradicional pretende, também, reforçar, na opinião pública, a reprovação à corrupção, de modo a construir e consolidar a legitimidade do recrudescimento do golpe. 

Enfrentamento - Na opinião pública,  ao menos por enquanto, o enfrentamento do golpe é visto somente como um movimento de autodefesa do PT e da esquerda. Para que esta visão seja superada, e para que o enfrentamento se espalhe pela sociedade, será preciso que a brutalidade golpista comece a atingir pessoas e famílias da classe média brasileira, do mesmo modo que aconteceu com o golpe de 1964. Um enfrentamento mais global do golpe, desgraçadamente, terá mais chances de acontecer quando as pessoas de classe média (ou que se julgarem assim) perceberem uma interferência direta nas suas vidas.

Desistência - Um partido nanico anunciou, na tarde de ontem, sua desistência de ação judicial com pedido de liminar que, se aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), poderia reverter a decisão daquela corte constitucional em relação ao presidente Lula. O julgamento poderia recuperar o entendimento do STF sobre direito de defesa e trânsito em julgado, restabelecendo  a compreensão de que todos os acusados têm o direito de se defender (em liberdade) até o julgamento de todos os recursos em todas as instâncias do poder judiciário. 

Auxiliares - O episódio é revelador do papel dos pequenos partidos na situação atual. Fundados para ajudar o golpismo, os partidos nanicos servem para emprestar (ou alugar) seus parlamentares em votações de interesse do governo sem voto e, no espaço judicial, cumprem o papel de defender a legitimação de iniciativas golpistas. Ao anunciar a desistência, um dirigente da legenda disse, claramente, que a razão da retirada do processo era a possibilidade de que, se aprovado, ele pudesse beneficiar o presidente Lula.

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