sexta-feira, 25 de maio de 2018

Os caminhoneiros e a luta ideológica

Imagens - Informações sobre o desmonte de políticas públicas de inclusão social, sobre a implantação de medidas que visam atrair investidores internacionais e anúncios de cortes de gastos públicos para beneficiar banqueiros estão acompanhadas de imagens do presidente ilegítimo, mesmo na mídia alternativa, embora não tenham sido poucas as manifestações populares contra o golpismo.

Dificuldade - O sistema de comunicação democrático e popular, formado por sites e blogs que destacam informações corretas, que funcionam como contraponto à disseminação da mentira promovida pela mídia tradicional, acabou por evidenciar a imagem do presidente ilegítimo, quando seria mais razoável a exposição de fotos de mobilizações contrárias ao governo sem voto.

Caminhoneiros - Uma das prováveis consequências da paralisação nacional dos caminhoneiros é a falta de mercadorias. A dependência generalizada de combustíveis, que são transportados por caminhões e carretas, também pode causar paralisações no transporte coletivo de pessoas. O caos generalizado deve ser amplificado por causa da falta de legitimidade do governo sem voto, e a conjuntura política pode ser dominada por um grupo que envolve trabalhadores e empresários do setor de transporte de cargas e empresas do agronegócio.

Corporativo - A greve dos caminhoneiros pode provocar paralisações em toda a sociedade. Nesta sexta feira muitos empregados terão dificuldades para chegar aos seus locais de trabalho, mas não estão previstas assembleias de trabalhadores para debater a pertinência de uma greve geral contra o governo. Caminhoneiros e empresas de transporte de cargas querem a redução (ou eliminação) de tributos. Empresas que se utilizam dos serviços de transporte de cargas exigem uma redução no valor dos fretes. É muito provável que as demandas e reivindicações dos trabalhadores e das classes populares sejam ignoradas pelo governo sem voto e repudiadas pelos líderes da paralisação.

Ideologia - Os caminhoneiros em greve (e seus apoiadores) estão comprometidos com um conteúdo ideológico que privilegia a acumulação individual de dinheiro e patrimônio. Participaram ativamente das manifestações que resultaram no golpe de 2016. Muitos deles são apoiadores declarados de candidaturas identificadas com ideias autoritárias. São disseminadores confessos de notícias falsas pela internet. Não é improvável que as balas que mataram Marielle e Anderson, e as que atingiram a caravana do presidente Lula, tenham sido disparadas de armas que eles carregam nos seus porta-luvas. 

Suicídio - Há, na esquerda, um pensamento que desconsidera o conteúdo ideológico das mobilizações e, por causa disso, pode julgar que os motoristas de caminhão possam se transformar em aliados contra o golpismo ou contra o capitalismo. A avaliação voluntariosa não procede. Pode ser perigosa uma aliança com os caminhoneiros, ainda que momentânea e conjuntural. A esquerda corre o risco de, no meio da batalha contra o capitalismo, levar um tiro na nuca e, com isso, pode estar decretando a própria morte.           

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