sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Resistir é preciso... sempre

Racionalismo - As ameaças que levaram o companheiro Jean Willys a desistir do mandato de deputado federal e deixar o país não fariam efeito para mim. Tenho um entendimento muito racional sobre a morte. Nascemos para morrer, e o acontecimento triste pode acontecer a qualquer momento e de qualquer modo. 

Frieza - Nunca fui ameaçado pessoalmente, mas já morei em lugares considerados violentos e perigosos, e já frequentei lugares onde, frequentemente, ocorrem assassinatos. Por causa dessa convivência com a violência, criei uma espécie de conformismo com a morte violenta e, assim, considero que uma morte natural seria uma espécie de prêmio por eu ter sobrevivido mais de meio século.

Fatalidade - Um amigo me alertou, tempos atrás que, com sorte, eu tenho mais vinte anos de vida. A proximidade do "instante final", no entanto, não pode me assustar. Tenho que estar preparado para o acontecimento inevitável. Como diz a letra de uma canção do saudoso Vinícius de Moraes "a gente mal nasce, começa a morrer".

Fascismo - O que é mais assustador no episódio é a demonstração de que a intimidação pode dar resultado. O comportamento violento e irracional do "coiso" e de seus seguidores é um indicador de que o perigo está muito perto de todas as pessoas que pensam e agem de modo diferente do que foi definido por eles como padrão.

Resistência - Não é justo condenar a atitude pessoal de Jean Willys. Gilberto Gil, nos tempos de outra ditadura, disse "aquele abraço pra quem fica" e foi viver em Londres. Se ele não tivesse feito isso, teria nos privado de criações posteriores geniais. A compreensão da atitude não pode nos paralisar. É urgente a construção de formas de resistência que sejam capazes de barrar essa ofensiva covarde de intimidação e de ameaças, que não é dirigida somente a parlamentares, mas a todas as pessoa que defendem os direitos humanos.

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