quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A civilização humana

O tempo - Minha geração, na adolescência, conviveu com músicos importantes que deixarão saudades e cujas criações são eternas. Convivemos também com criações musicais descartáveis, de conteúdo puramente comercial, que não fazem nenhuma falta. O espaço de uma vida é suficiente para tomarmos contato com personalidades, momentos e paisagens que. com o passar do tempo, vão se modificando, e não é possível fazer o tempo voltar para trás para reviver uma realidade que não existe mais. 

Saudades - Estive, neste final de semana, em Itaquera, bairro onde passei boa parte da minha vida. Me desapontei ao ver que no lugar onde funcionou uma fábrica metalúrgica e a escola onde cursei o ensino primário está sendo construído um conjunto de prédios residenciais. Foi inevitável a emoção, mas, ao mesmo tempo, também foi impossível de barrar a reflexão de que os prédios de apartamentos são mais lucrativos do que a fábrica e a escola. Assim como perdemos a batalha contra a música comercial e de baixa qualidade, também perdemos espaços que poderiam ser utilizados de outra forma.

Fatores positivos -  Mas o desapontamento não é o único aspecto da realidade atual. Também podemos nos considerar vitoriosos, em diversos setores. É possível afirmar, sem medo de errar, que o mundo atual é menos preconceituoso, mais solidário e mais generoso. Minha geração pode se considerar percursora de ideias igualitárias, e o espaço da liberdade e da igualdade, antes restrito à clandestinidade, hoje pode se apresentar mais abertamente. Ainda temos muito o que avançar, mas podemos nos orgulhar de termos tomado parte de um momento da história em que a civilização humana avançou para melhor. 

Boas notícias - A proximidade de encerramento de mais um ano produz a necessidade de divulgação, na mídia tradicional, de notícias não necessariamente positivas. Os grandes veículos de comunicação, muito provavelmente, vão evidenciar a morte de celebridades, sem reforçar as ideias que eles sempre defenderam. A morte de David Bowie será lembrada, mas é improvável que os versos de "starman" sejam destacados como alternativa para a "aventura humana na terra"; e a partida da Rogéria será lembrada, mas, desgraçadamente, sua luta contra o preconceito em relação à orientação sexual talvez nem seja citada. As boas notícias vão depender, sempre, de como as divulgarmos nas redes sociais e na mídia alternativa. Que 2018 represente mais um passo importante no rumo da construção da civilização humana.  

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