Ódio e violência - Desde a II Guerra Mundial, as referências ao nazismo são limitadas na imprensa da Alemanha. Não se trata de censura, mas há uma consciência coletiva de que a ideologia nazista não é razoável. No Brasil, logo depois do fim da ditadura, também vigorou uma certa vergonha em elogiar os militares e a repressão. A limitação em relação ao nazismo ainda existe na Alemanha. A atual primeira ministra de lá, dirigente de um partido conservador, é responsável por parte da acolhida europeia a refugiados de guerra, que seriam escorraçados por Hitler e seus seguidores. No Brasil, numa época de ódio e de irracionalidade, há saudosos do autoritarismo e da repressão, que pedem a volta da ditadura e que defendem o recrudescimento da violência. O discurso de ódio pode ser atribuído a um raciocínio imbecil, teoricamente restrito a uma minoria da população. O ódio aos negros, às mulheres e aos moradores de rua ou da periferia, no entanto, vem justificando ações violentas contra seres humanos indefesos e desarmados. O comportamento odioso pode ser apontado também como responsável pelo disparo de armas de fogo contra defensores dos direitos humanos e contra militantes das causas populares.

A força das ideias - O professor Florestan Fernandes foi deputado federal constituinte, eleito pelo PT, entre 1987 e 1990. Tive a honra de ser seu apoiador e de ter votado nele. A principal palavra de ordem da sua campanha eleitoral era "contra as ideias de força... a força das ideias". O discurso odioso, que justifica o uso das armas contra ideias e atitudes, pode ser responsável por mortes e perseguições, mas é a defesa da igualdade que será capaz de mudar o mundo. O ataque insano contra o rapaz de camisa vermelha; a violência dos "bate-paus" a serviço de elementos da ditadura infiltrados nos sindicatos de trabalhadores; as execuções sumárias de militantes das causas populares e de moradores das periferias; e as ações do crime organizado são incentivadas por "ideias de força", mas será a "força das ideias" que vai reforçar a solidariedade e a generosidade, todos os dias, e que vai construir, com o decorrer do tempo, uma sociedade mais justa e mais igualitária.
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