terça-feira, 6 de março de 2018

Transporte público e periferia

Mudanças anunciadas - A prefeitura de São Paulo pretende anunciar, nos próximos dias, uma série de mudanças nas linhas de ônibus que servem a periferia da cidade. As modificações seguem a lógica da gestão eficiente, mas as extinções de linhas e trajetos vão prejudicar a maioria da população da periferia. Na região sul de São Paulo, por exemplo, os moradores da região do Parque Residencial Cocaia, que se utilizam da linha que vai até a Avenida Vicente Rao (na região do Brooklin) que, hoje, usam somente um ônibus, terão que se dirigir, primeiramente, ao Terminal Grajaú, para, de lá, embarcar em um novo ônibus até o seu destino. O mesmo trajeto, hoje feito através de um único ônibus, será feito com a utilização de duas conduções, o que deve resultar em mais espera nos pontos de parada e, em mais demora nos deslocamentos. Na prática, os que fazem esse trajeto terão que acordar mais cedo e chegarão em casa mais tarde.

Sem risco - Os cortes e extinções têm o objetivo de tornar  mais atrativo o negócio para investidores privados, às vésperas de uma nova licitação para o transporte público na maior cidade do país. O pagamento regular de subsídios públicos já é um atrativo importante para as empresas do setor, mas o prefeito tucano pretende tornar o negócio ainda melhor para os investidores. A extinção de linhas e trajetos vai piorar as condições para os usuários do transporte público e pode provocar a demissão imediata de cerca de cinco mil trabalhadores. A lógica da medida é incrementar o "capitalismo sem risco" já existente. Com a entrada em vigor das mudanças, a lucratividade das empresas de transporte público (que já não é pequena), pode se tornar enorme.

Contramão - Com a extinção de linhas e trajetos, o prefeito tucano pretende reduzir a frota em mais de mil veículos. Agindo assim, a decantada eficiência de gestão atua na contramão da lógica urbana, que prevê o aumento da oferta de transporte público e da consequente redução do uso de veículos individuais. Com a extinção de linhas e trajetos, o prefeito tucano pretende incentivar o uso de carros particulares e penalizar a população mais carente. Para dar um aspecto democrático às medidas, o prefeito promoveu, através da internet, uma consulta pública que não teve participação significativa da população. Pouco mais de mil e quinhentas pessoas participaram da consulta pública proposta pelo mandatário municipal, que foi encerrada nesta última segunda feira (dia 5 de março). Os que discordam das medidas, no entanto, ainda têm tempo para apresentar sua opinião, e isso pode ser feito através de abaixo assinado contra as mudanças propostas pelo prefeito. A discordância pode ser manifestada através do link http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR104383.

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