segunda-feira, 16 de abril de 2018

A luta é permanente e contínua

Democracia - Nos estertores da ditadura, quando o regime autoritário estava no seu final, figuras públicas da política tradicional hegemonizaram o processo de abertura política, e assimilaram o conteúdo de "distensão lenta, gradual e segura", que era interessante para o governo da época. A hegemonização da política tradicional tornou distante a implantação de mudanças mais profundas na organização da sociedade brasileira mas, ao mesmo tempo, generalizou a consciência sobre a importância da luta democrática. Os encaminhamentos políticos foram adaptados, por causa da influência da política tradicional. A anistia, pensada para beneficiar os inimigos do regime, foi recíproca, e também perdoou torturadores; a constituinte livre e soberana foi rebaixada, e se realizou através de um congresso constituinte; e as eleições diretas em todos os níveis só foram se  consumar em 1989, com a eleição do primeiro presidente da república pelo voto direto.

Espaços - A luta democrática, que enfrentou a ditadura, foi iniciada por trabalhadores e por movimentos sociais populares, com greves e mobilizações, que apresentavam reivindicações específicas e localizadas, mas que também se colocavam contra o regime autoritário. A presença de figuras públicas da política tradicional teve o objetivo, num primeiro momento, de diluir o caráter de classe do enfrentamento, limitando-o, o quanto possível, à luta institucional. Os trabalhadores e os movimentos sociais populares refizeram seus projetos imediatos, reconhecendo que o momento político poderia favorecer a luta de massas, no espaço institucional, e passaram a ocupar espaços em administrações e governos e nas casas legislativas, nos três níveis da administração pública. A ocupação do espaço institucional ocorreu, inicialmente, através do PT, mas, mais tarde, esse movimento também aconteceria por intermédio de outros partidos de esquerda.

Legalidade - Os partidos políticos de esquerda passaram a vivenciar uma legalidade que ainda não havia sido experimentada na história brasileira. A ocupação de espaços institucionais possibilitou a implantação de políticas públicas de inclusão social e de distribuição de renda. Também se tornou possível estabelecer uma política generalizada de inversão de prioridades, em benefício das classes populares. Como parte dessa ocupação do espaço institucional, o PT chegou ao governo federal, em janeiro de 2003, o que abriria a possibilidade de que políticas públicas de inclusão social, antes localizadas, passassem a ter alcance e abrangência nacionais. A busca pela legalidade pode ser questionada por quem prefere outro  caminho, mas a escolha pela disputa institucional não foi uma opção. A realidade daquele momento da conjuntura transformou essa possibilidade numa imposição.

Golpe - Os avanços obtidos com a ocupação de espaços institucionais sempre tiveram a oposição do mercado financeiro e de representantes do capitalismo internacional, que, diante da possibilidade de que as políticas públicas implantadas pelo PT se aprofundassem, patrocinaram o golpe de 2016. Os adversários do PT e da esquerda também buscam potencializar alternativas políticas viáveis no cenário político, que sejam capazes de enfrentar o desafio das urnas. O resultado da disputa é imprevisível, e ela ainda está em andamento. O PT e a esquerda não aceitam qualquer tipo de retrocesso. Os defensores do retrocesso não aceitam a existência das ideias de igualdade e de justiça social e querem a destruição do PT e da esquerda. O capítulo mais recente da disputa é a prisão do presidente Lula que, mesmo encarcerado, lidera todas as pesquisas sobre as eleições presidenciais.   

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