terça-feira, 17 de abril de 2018

O golpe e a mídia

Golpismo - A justiça acaba de anunciar a liberação do depoimento de delatores que podem incriminar o presidente ilegítimo. O anúncio segue roteiro pré-estabelecido, que prevê a criminalização da política, e a permanente suspeição do governo federal. A lógica golpista continua sendo a de favorecer o provável recrudescimento do golpe, ainda que, para isso, tenha que defenestrar o atual ocupante da cadeira de presidente da república.

Seletividade - A Procuradoria Geral da República anunciou que vai investigar casos de campanha antecipada e de abuso do poder econômico na campanha eleitoral de 2018. A disposição investigativa, no entanto, não deve atingir a todos. Golpistas e apoiadores do golpe devem ser poupados, enquanto que candidatos do PT e da esquerda podem ser impedidos em sua liberdade de expressão.

Mídia -  As notícias sobre a ocupação do triplex atribuído ao presidente Lula não se referem ao absurdo da condenação sem provas, a não ser no momento em que reproduz declarações de um dos participantes do movimento. O noticiário se concentra em um suposto "transtorno" para os moradores do condomínio onde se localiza o apartamento e em críticas genéricas aos "baderneiros" que ocuparam o apartamento e fizeram manifestação pública em frente ao edifício Soláris. 

Motivos - As razões, apresentadas pela Polícia Militar, para pressionar os participantes da ocupação a deixarem o prédio, combinam com o comportamento midiático. A PM foi chamada pelos moradores do condomínio e, agindo em defesa deles, forçou a desocupação. Não houve qualquer pedido de reintegração de posse. Se a ocupação tivesse chegado a esse limite, ficaria evidente, para todas as pessoas, quem é o proprietário do imóvel atribuído ao presidente Lula. 

Justificativas - Ao concentrar as informações nas reclamações dos condôminos, o noticiário da mídia tradicional pretendeu evitar a informação óbvia de que o imóvel não pertence ao presidente Lula. Com isso, os grandes veículos de comunicação conseguiram, ao mesmo tempo, justificar as ameaças arbitrárias da PM, de que prenderia todos os manifestantes se a ocupação não terminasse; e a ausência do juiz paranaense que, em viagem aos Estados Unidos, não disse nada sobre o assunto.  

Cuidados - Os grandes veículos de comunicação trabalham com a inexistente realidade em que haveria uma unanimidade antipetista. As pesquisas desmentem o delírio midiático e golpista, mas é preciso ter cuidado. A exemplo do que ocorreu na véspera do julgamento do habeas corpus no STF, não é improvável que, em período próximo da eleição, a mídia tradicional divulgue declarações de militares ameaçando entrar em cena se o presidente Lula vencer as eleições presidenciais.

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