segunda-feira, 28 de maio de 2018

A paralisação dos caminhoneiros e o recrudescimento do golpe

Generalização - Um dos sinais do descrédito com a política é o alto número de votos nulos e brancos e de abstenções, em todas as eleições. Outro sinal importante é a falta de partidos políticos com credibilidade, diante da população. A única exceção é o PT, com 20% de simpatia, segundo pesquisa recente. Outros partidos políticos, em segundo lugar, ficam próximos de 5%. Há partidos políticos que não chegam a ultrapassar 1% da simpatia popular. A soma dos votos nulos e brancos e das abstenções ultrapassa 36%.

Descrédito - A paralisação do sistema de transporte de cargas, uma combinação da mobilização legítima de caminhoneiros autônomos com os interesses corporativos de empresas do setor, é uma demonstração de onde esse descrédito generalizado pode conduzir. A falta de legitimidade do governo sem voto só piora a situação. Acordos negociados não são cumpridos e bloqueios nas estradas continuam acontecendo. A circulação de combustíveis é assegurada pela escolta de veículos do exército. A população, em geral, apoia a paralisação. Não são poucos os locais em que são coletados (e distribuídos) alimentos em apoio aos caminhoneiros.

Gravidade - O impasse é revelador de que a ausência de legitimidade dos governos pode ser responsável por uma situação imprevisível. Quem paga o pato é o povo. Há uma tendência do governo federal de conceder isenções de tributos para caminhoneiros autônomos e para empresas de transporte de cargas, e isso deve implicar no aumento da carga tributária para o conjunto da população. A medida é impopular, mas o presidente ilegítimo não se importa com isso. Não precisou de nenhum voto pra chegar ao cargo que ocupa, nem é candidato a qualquer cargo na eleição de outubro próximo.

Golpismo - O desabastecimento generalizado pode favorecer o recrudescimento do golpismo. O presidente ilegítimo já anunciou a convocação das Forças Armadas para atacar os bloqueios. Em estados como São Paulo, as polícias militares estão de prontidão para atuar na repressão aos caminhoneiros. A legitimidade que falta ao espaço democrático pode servir como um argumento a mais para os defensores da intervenção militar. 

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