quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Enfrentar o fascismo

Perigo - Ainda não é possível saber o resultado da eleição presidencial, mas é assustador que um candidato defensor do ódio esteja bem colocado nas pesquisas de intenção de voto. É um sinal perigoso de que existe, na sociedade brasileira, uma quantidade de pessoas que, ideologicamente, se alinham com posicionamentos que contrariam os mais elementares avanços da civilização humana.

Extremismo - O ideário extremista dialoga com o pensamento conservador clássico, mas vai além dessa ideologia, para defender, sem qualquer tipo de disfarce ou melindre, o armamento indiscriminado das pessoas, o racismo e a homofobia. O discurso político é exagerado mas, desgraçadamente, coincide com o pensamento de um percentual razoável de brasileiros e brasileiras.

Imbecilidade - O comportamento do candidato extremista pode ser qualificado como imbecil, mas ele expressa uma fração considerável de mulheres e homens que não ousariam ofender a filha do Gilberto Gil nem se dirigiriam a uma deputada federal dizendo que ela não merece ser estuprada. Palavras e atitudes odiosas, infelizmente, acabaram conquistando a "concordância tácita" de uma quantidade de pessoas que equivale a cerca de 20% do eleitorado, e é esse o provável resultado que ele obterá nas urnas.

Tragédia - O comportamento odioso, no entanto, não se restringe ao espaço político ou à disputa eleitoral. Não é improvável que o sucesso das ideias de ódio tenha motivado as atitudes violentas contra imigrantes venezuelanos. Não é impossível que o pensamento imbecil seja o principal motivador do comportamento antipetista de uma quantidade razoável de pessoas.

Desastroso - É assustador imaginar que o portador desse comportamento odioso possa chegar ao segundo turno das eleições e, por encarnar o antipetismo, recebendo o apoio da grande mídia e da política tradicional, saia vitorioso nas urnas. O absenteísmo, incentivado pela desmoralização pública do espaço político, pode contribuir para que o portador de ideias estapafúrdias e contrárias aos avanços da civilização humana, se torne presidente da república.

Fascismo - São poucas as alternativas para evitar que aconteça o pior. Mesmo que ele não vença a eleição, as ideias e comportamentos de ódio, ao final do pleito, terão conseguido adesão significativa. A contraposição mais ao avanço do fascismo só pode ser feita por uma ampla frente democrática, com conteúdo que incorpore os avanços civilizatórios já alcançados pela humanidade.

Dificuldades - Por ir além do calendário eleitoral e por centralizar sua atuação em conteúdos que se apresentem, claramente, contra o avanço do fascismo, sempre será difícil reunir um grande número de pessoas. A necessidade de formação da frente antifascista, no entanto, é uma condição de sobrevivência para a esquerda, para os sindicatos de trabalhadores e para os movimentos sociais populares.      

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