sexta-feira, 13 de outubro de 2017

A luta é permanente e contínua

Exclusão - Ao iniciar a contagem dos dias que me conduzirão ao quinquagésimo oitavo ano da minha existência, devo reconhecer que a civilização humana avançou bastante até aqui, mas, desgraçadamente, ainda não conseguimos a eliminação da fome e a implantação de uma organização econômica mais igualitária. Apesar dos esforços  e lutas de meus antepassados e contemporâneos, os avanços ainda são pequenos, especialmente porque a exclusão social a ser enfrentada é enorme. O Brasil é o décimo país mais desigual do mundo, com índice de desenvolvimento humano (IDH) exatamente igual ao da Suazilândia, apesar de sermos a sexta economia do planeta. A situação é revoltante por causa da brutal concentração de renda e de riqueza existente.

Otimismo - Como eu sou, insistente e teimosamente, otimista, prefiro olhar os fatos positivos que pude vivenciar durante mais de meio século de vida. Eu vi o avanço das mulheres na ocupação de espaços na sociedade, a queda do comportamento odioso em relação à orientação sexual e a diminuição do preconceito de raça determinado pela cor da pele. Testemunhei conquistas importantes das lutas dos trabalhadores, como a redução da periodicidade dos reajustes salariais (conquista das greves de 1978/1979) e a diminuição da jornada semanal de trabalho (nas greves de 1985). Tenho certeza de que os avanços do capitalismo e da lógica da exclusão social serão sempre enfrentados, com tenacidade e coragem, pelas pessoas que acreditam em um mundo melhor e mais igualitário.

Mídia - O noticiário da mídia tradicional sempre esteve centralizado em pessoas e acontecimentos importantes para o capitalismo. Notícias de avanços das lutas e conquistas dos trabalhadores sempre estiveram em segundo plano. Corremos o risco de que, no futuro, datas importantes sejam lembradas somente por causa da relação com a ideologia dominante. Para exemplificar, o dia 11 de setembro pode ser lembrado, apenas, por conta da queda das Torres do World Trade Center (WCT) em Nova Iorque, no ano de 2001. Raras serão as referências ao golpe militar criminoso ocorrido no Chile, na mesma data, em 1973. O Golpe chileno contou com apoio explícito dos Estados Unidos da América do Norte, e instalou a ditadura sanguinária comandada pelo general Augusto Pinochet.

Democracia - Perto de ultrapassar seis décadas de vida, quero destacar, muito especialmente, a importância das lutas dos trabalhadores brasileiros na conquista da democracia que temos hoje. Ainda que ela tenha problemas e defeitos, e que precise (sempre) de aperfeiçoamento, a democracia não pode ser atribuída (exclusivamente) à atuação de figuras públicas da política tradicional como Ulisses Guimarães ou Tancredo Neves, mas muito especificamente, às greves operárias do final dos anos 70 do século passado. Embora, para a classe dominante, seja importante evidenciar atuações institucionais, para os trabalhadores será essencial, sempre e em todos os momentos, disseminar a verdade de que a democracia brasileira sempre dependeu da luta dos trabalhadores.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O golpismo e a contraposição da esquerda

Ofensiva golpista - Depois de promover a desmoralização da política e da democracia, o poder econômico está tentando trilhar o caminho de uma suposta (e inexistente) "renovação política" para alcançar seus objetivos. A ideia mais perigosa dessa ofensiva é a criação do "Fundo RenovaBR", iniciativa que reúne grandes empresários com o objetivo de financiar candidaturas como a do apresentador global Luciano Hulk. Além de tentar se aproveitar do descrédito com os partidos políticos e com a política em geral, a iniciativa pretende driblar a proibição legal de doações empresariais a campanhas eleitorais. Entre os participantes do "Fundo RenovaBR" estão os empresários Abílio Diniz, Nizan Guanaes e Beto Sicupira, além do ex-ministro Armínio Fraga. O grupo promete uma bolsa mensal de R$ 5 mil, o fornecimento de assessoria de imprensa, serviços de consultoria e anúncios nas redes sociais.

Eleições 2018 - A mídia tradicional tenta, de todas as formas, desmoralizar a candidatura do presidente Lula, mas as pesquisas de opinião indicam que ele é o mais provável próximo presidente do país. Adversários do PT, como o prefeito tucano de São Paulo, começam a fazer avaliações públicas de prováveis cenários eleitorais. Não existe, por enquanto, nenhum candidato com viabilidade eleitoral suficiente para derrotar o presidente Lula. Além da articulação do "Fundo RenovaBR", há um outro grupo se movimentando, comandado pelo auto intitulado Movimento Brasil Livre (MBL), que pretende viabilizar uma chapa formada por Dória e ACM Neto, com o objetivo explícito de enfrentar o presidente Lula.

Disputa ideológica - As iniciativas do "Fundo RenovarBR" e a empreitada comandada pelo "MBL" vão tentar apresentar, ao eleitorado, uma ideia sem coloração partidária e sem vinculação política clara, mas, ao mesmo tempo, com forte conteúdo ideológico. Ambos são favoráveis ao desmonte do setor público e à adoção de medidas supressivas de direitos. O suporte financeiro dos dois grupos pretende ignorar as exigências da legislação eleitoral sobre o assunto, e consolidar uma realidade em que a governança é assegurada pelo poder econômico. Como contraposição à ofensiva política do golpismo, fortalecer a candidatura do presidente Lula, ligando-a com a resistência a medidas supressivas de direitos, e fortalecendo a ligação da candidatura operária com os movimentos sociais populares e suas demandas. 

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Presunção de inocência

Bancos - Chega a ser um insulto para a inteligência humana a total ausência de bancos e de empresas do mercado financeiro nas denúncias de corrupção e de pagamento de propina. O volume de dinheiro, descoberto em operações da Polícia Federal e em investigações do ministério público, é muito grande. É impossível que malas cheias de dinheiro circulem por aí sem que o sistema bancário participe, de alguma forma, da logística de circulação dos volumes que alimentam a corrupção. Grandes anunciantes, os bancos são poupados pela mídia tradicional, mas é evidente a participação do mercado financeiro em negócios ilegais. 

Revolta - A presunção de inocência dos bancos, que também pode ser traduzida como certeza de impunidade, não pode servir de justificativa para a defesa de roubos a instituições financeiras, como o que foi descoberto em São Paulo nesta semana, mas deve ajudar a opinião pública a raciocinar que os banqueiros não são inocentes no triste momento político que estamos vivendo. O caminho percorrido pelo debate sobre corrupção, muito conveniente para o golpismo, assegura a impunidade de banqueiros e de empresários do mercado financeiro, ao mesmo tempo que os favorece com a proposição de medidas supressivas de direito, que tem o objetivo claro de produzir superávit's sucessivos, que serão, posteriormente, utilizados para o pagamento de títulos da dívida pública.

Deflação - Os números baixos da inflação depois do golpe de 2016 são reveladores de uma profunda estagnação da economia. Com a diminuição da capacidade de consumo da população, ocorre um leilão ao contrário, com preços cada vez mais baixos e inflação em queda. Apesar de tentar estampar o otimismo oficial com os números, o noticiário da mídia tradicional não consegue esconder as filas em busca de emprego e o avanço da miséria e da fome. Além da implantação de medidas supressivas de direitos, o golpismo pretende aprofundar a exclusão social, assegurando lucratividade aos capitalistas e eliminando as possibilidades de sobrevivência digna para todos.

Violências evitáveis

Tiros I - Os tiros disparados contra uma multidão, na cidade de Las Vegas, revelam a consequência desastrosa da liberalização da venda de armas de fogo. As mortes foram causadas por um ato insano, mas só aconteceram porque nos Estados Unidos da América do Norte a comercialização de armas não sofre qualquer tipo de restrição importante, podendo acontecer em qualquer supermercado, ou diretamente entre pessoas interessadas em vender ou em comprar. A tragédia não deve mudar a legislação norte-americana sobre o tema. Há um poderoso lobby da indústria de armas, muito atuante junto a deputados e senadores de lá, e o atual presidente norte-americano tem se declarado favorável aos interesses comerciais da indústria de armas.

Tiros II - As vítimas de Las Vegas (mais de 50), assistiam a um festival de música country. Em um episódio recente, as vítimas eram frequentadores de uma casa noturna. A mídia tradicional trata ambos os fatos como "tiroteio", o que não corresponde, exatamente, à verdade. Nas duas ocasiões a loucura e o preconceito, potencializados pela comercialização livre de armas e munições, produziu mortes que poderiam ter sido evitadas. No caso dos tiros disparados, no ano passado, em uma boate da Flórida, o alvo foi a comunidade LGBT (49 mortos). Em Las Vegas, o atirador matou admiradores de um estilo de música que, provavelmente, ele não gostava.  

Tiros III - No Brasil, a indústria bélica também é influente no parlamento. A bancada da bala (financiada por fabricantes de armas) tem conseguido liberalizar a comercialização, com a justificativa de que a posse de uma arma possa servir de defesa ao cidadão comum. A falácia armamentista é responsável por inúmeras mortes violentas, e as vítimas, na maioria dos casos, são jovens pobres moradores das periferias. 

Violência - Nos Estados Unidos da América do Norte e no Brasil há uma escalada perigosa da cultura da violência. Essa cultura perversa é responsável, entre os norte americanos, pelo costume de ter uma arma em casa. Em alguns casos, as pessoas mantém um arsenal completo em seu poder, com a justificativa de defesa pessoal, mas que têm, como consequência, a ocorrência de fatos violentos lamentáveis e evitáveis. O documentário "Tiros em Columbine", do diretor e documentarista Michael Moore, retrata bem essa realidade norte-americana. Ele pode ser encontrado nas locadoras, e um comentário interessante sobre o filme pode ser acessado no link https://felipetbueno.wordpress.com/2010/10/24/resenha-filme-tiros-em-columbine/.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Democracia e justiça

Aniversário - Em certo momento, o ser humano está localizado muito mais perto do final da vida do que do começo, mas, ao mesmo tempo, é quando é possível, olhando para trás, verificar a importância dos anos já vividos e, especialmente, ter a certeza de que a caminhada até aqui só foi possível por causa da presença de inúmeras pessoas que, partilhando dos mesmos sonhos e projetos, exerceram a solidariedade e o companheirismo. A celebração de mais um ano de vida, para mim, deve ter o significado especial do agradecimento. Assim, quero agradecer a Deus, por ter me permitido chegar até aqui; a todos os meus familiares; a todos os meus amigos e companheiros, de lutas e de jornadas memoráveis; e a todas as pessoas que, mesmo não me conhecendo pessoalmente, partilham dos mesmos sonhos e projetos de igualdade e de justiça.

Impasse institucional - O poder judiciário decidiu afastar o senador Aécio Neves de seu cargo e lhe impôs algo parecido com uma prisão domiciliar. A decisão judicial foi tomada com base em provas irrefutáveis de envolvimento dele com ilegalidades. O senado da república, baseado no corporativismo e em uma maioria circunstancial a favor do senador, pretende revogar a decisão judicial. O sentenciado é um golpista de primeira hora, aliado do presidente ilegítimo, e merece ser punido por causa das provas contra ele. A decisão judicial, no entanto, abre um precedente perigoso que deve ser avaliado com atenção. Diferentemente do senador, os ministros do Supremo Tribunal Federal não foram colocados lá pelo voto popular, e a decisão legitima a interferência do judiciário na democracia representativa, o que pode ser usado, posteriormente, contra outros mandatários públicos. Quem está sendo julgado (e condenado) não é o senador tucano. A decisão do STF, ao punir o parlamentar, está condenando a democracia.

Democracia - Na história de nosso país, todas as vezes em que ocorreu uma ruptura na democracia, os castigos foram dirigidos, majoritariamente, contra militantes de movimentos sociais populares e contra integrantes de organizações e partidos políticos de esquerda. Punições a integrantes da política tradicional serviram de cortina de fumaça para os verdadeiros objetivos do golpismo de sempre. Em 1967, Carlos Lacerda teve os seus direitos políticos cassados, mas, ao mesmo tempo, a ditadura empreendeu uma caçada implacável contra lideranças populares e sindicais urbanas e rurais. A punição de Lacerda, aliado dos golpistas de 1964, pode ser considerada uma exceção, uma vez que a maioria dos perseguidos pelo autoritarismo, sabidamente, sempre esteve na luta contra o golpe. A luta democrática, uma das prioridades da conjuntura atual, não pode permitir qualquer tipo de retrocesso. Assim como contestamos o golpe de 2016 (que cassou os votos de Dilma Roussef), não podemos aceitar qualquer tipo de interferência do poder judiciário sobre mandatos conquistados nas urnas e devemos perseguir, sempre, o objetivo de ampliação dos espaços democráticos, com a instituição e fortalecimento de organismos de participação popular.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Diferenças

Lula presidente - É inegável que, na história do Brasil, nunca houve um líder operário com viabilidade eleitoral e reconhecimento popular como o presidente Lula. Não é de se esperar que ele, uma vez eleito novamente, faça todas as mudanças necessárias, uma vez que a exclusão social é imensa. Também é óbvio que, para governar, o futuro presidente terá que fazer alianças, e isto pode significar rebaixamentos programáticos importantes, o que pode inviabilizar a efetivação de uma série de medidas urgentes para o enfrentamento da miséria existente em nosso país. O fortalecimento dos movimentos sociais populares e dos instrumentos de participação popular é a única saída para que a candidatura do presidente Lula (líder em todas as pesquisas) seja vitoriosa e, ao mesmo tempo, consiga realizar um programa de inclusão social, que representa a esperança de milhões de pessoas.

A pauta da corrupção - É muito conveniente, para o golpismo, estabelecer, como pauta única, o debate sobre corrupção. Além da seletividade na divulgação de notícias, onde a criminalização do PT vem se tornando muito óbvia, há a secundarização de problemas importantes, como o da supressão de direitos, em nome de um equilíbrio financeiro que prejudica os mais pobres e beneficia os mais ricos. Os ataques ao presidente Lula, ao Partido dos Trabalhadores e à esquerda em geral, além de buscarem atingir a reputação de figuras públicas identificadas com as demandas das classes populares, têm o objetivo de esconder o verdadeiro objetivo do golpismo, que é a viabilização legal da supressão de direitos, para favorecer os interesses de detentores de títulos da dívida pública.


Tratamento diferenciado - A divulgação de resultados de pesquisas é reveladora de que a mídia tradicional dá um tratamento muito diferente (e injusto) quando se refere ao presidente Lula. O absurdo fica evidente quando são citados golpistas e integrantes do governo sem voto. Quando fala do presidente Lula, a manchete afirma que a maioria da população quer a sua prisão Lula, mas, quando fala do presidente ilegítimo a informação é de que os brasileiros querem que ele seja processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os números são muito distantes. Segundo os números da pesquisa citada, 55% querem a prisão do presidente Lula, e 89% dos pesquisados querem que o processo contra Michel Temer seja iniciado no Supremo. Referências à baixa aprovação do governo sem voto (algo próximo de 5%) são citadas de passagem. O mesmo acontece quando os números se referem às intenções de voto no presidente Lula em 2018 (mais de 35%).  

domingo, 1 de outubro de 2017

Luta democrática

Debate - Neste último sábado, dia 30 de setembro, militantes do PT da região sul da cidade de São Paulo estiveram reunidos para debater a conjuntura do país. A reunião, que aconteceu na subsede de Santo Amaro da Apeoesp (Sindicato dos Professores da Rede Pública Estadual), contou com a presença do deputado federal Carlos Zaratini, líder do Partido dos Trabalhadores no parlamento, que destacou, em seu pronunciamento, a importância da luta pela manutenção e pela ampliação da democracia, cujo instrumento principal é a candidatura presidencial do presidente Lula.

Financiamento - O debate evidenciou, também, a importância do financiamento público das campanhas eleitorais. Parte importante dos partidos e candidatos receberão o apoio de empresas (através de caixa 2) e de empresários. Como isto não vai acontecer com o PT, a importância do financiamento público é muito maior para o Partido dos Trabalhadores do que para outras legendas.


Democracia - Dezoito pessoas detidas antes de um protesto contra o presidente ilegítimo estão sendo submetidas a julgamento, acusadas (sem provas) de planejamento de ataques ao patrimônio público e privado. A acusação partiu de um agente policial infiltrado que, muito provavelmente por causa da sua atuação como alcaguete, foi promovido de posto na sua carreira militar. Os acusados devem ser inocentados por falta de provas, mas, independente do resultado do julgamento, já estão condenados ao desemprego, a exemplo de trabalhadores que, na época da ditadura militar, eram incluídos em listas que os afastaram do mercado de trabalho formal. 

O futebol e a defesa da vida

Espetáculos - Sempre gostei de ir a estádios de futebol. As torcidas sempre me fascinaram. Mais do que as disputas das partidas, as cenas d...