quarta-feira, 11 de julho de 2018

Futebol e colonialismo

Dominação - A Copa do Mundo de Futebol se encerra no próximo final de semana, e é mais uma demonstração de que o poder econômico domina a competição. O esporte mais popular do planeta se transformou em um negócio como outro qualquer, e os times classificados, em sua maioria, representam países que, em diversas épocas, exerceram dominação territorial sobre povos da Africa.

Colonialismo - A marca mais importante de países presentes nas semifinais é a dominação territorial. A Bélgica ocupou o Congo, que já foi conhecido como Congo Belga, e dizimou parte da população congolesa; a Inglaterra tem uma vasta história de dominação pelo mundo inteiro, mas um dos exemplos da colonização britânica é a Nigéria; e a França exerceu, durante muito tempo, dominação violenta sobre países do norte da Africa (como Tunísia e Argélia).    

Exceção - O time da Croácia, única exceção entre os semifinalistas da Copa do Mundo de Futebol, também representa um dos países mais novos do planeta. Nascido da cisão da Iugoslávia (em 1991), diferentemente dos outros semifinalistas, o país sempre foi objeto da dominação territorial de potências econômicas e militares, mas isso não impediu que a população local se desenvolvesse como nação e que se tornasse uma das forças mais importantes do futebol internacional.

Imigrantes e descendentes - São muitos os jogadores semifinalistas que não nasceram nos países que defendem. No time da França, por exemplo, três atletas são imigrantes, e a maioria da seleção francesa é formada por descendentes de pessoas vindas de outros países; no time da Bélgica, a presença do centroavante Lukaku é outro exemplo dos efeitos do colonialismo no esporte. Nascido na cidade de Antuérpia, ele tem origem congolesa; no time da Inglaterra, um dos destaques é o meio campista Delle Alli, nigeriano de nascimento e príncipe da etnia iorubá.

Torcida - Se a regra para torcer por algum time entre os semifinalistas fosse o não colonialismo, eu vestiria a camisa quadriculada da Croácia, mas vou torcer para a França, apesar do seu histórico de dominação e colonialismo. Pesa na minha decisão a simpatia ao país que, eu considero, hoje, um dos mais democráticos do mundo. O gesto de um dos craques do time francês, ao exibir o mesmo símbolo que usamos no movimento "Lula livre", me ajudou a resolver. Pode ser que o gesto que ele fez não tenha nada a ver com as minhas convicções políticas, mas ele vai ajudar, mesmo sem saber, que o nosso símbolo percorra o mundo.    

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