segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Reflexões e desafios

Reencontro - No último sábado, dia 28 de setembro, militantes metalúrgicos da região sul da cidade de São Paulo se reuniram para mais uma etapa da celebração dos 40 anos da greve de 1979. Também participaram da atividade muitas pessoas que, mesmo nunca terem pertencido à categoria profissional, contribuíram de modo importante para que a paralisação acontecesse. Durante a greve foi assassinado o operário Santo Dias da Silva, mas, a truculência policial não foi suficiente para impedir que o movimento acontecesse. 

Reflexão - O reencontro das pessoas serviu para celebrar os 40 anos do momento especial que vivemos juntos, mas, ao mesmo tempo, teve o papel de refletir sobre os desafios que temos pela frente. A ditadura que foi enfrentada (e derrubada) pelos movimentos grevistas do final dos anos 70 do século passado tinha o mesmo conteúdo ideológico do governo fascista que hoje está em Brasília e que será derrotado. O tempo fez com que nossos cabelos ficassem grisalhos e alguns de nós têm dificuldades para andar, mas nunca nos afastamos do pensamento ideológico que nos animou, há quatro décadas, a realizar a greve que desafiou, ao mesmo tempo, o governo autoritário, o peleguismo e o patronato fascista.

Equilíbrio - Existem, aproximadamente, 20% de pessoas que defendem ideias retrógradas como a volta dos negros para as senzalas, a eliminação física de índios e de povos da floresta, a subordinação das mulheres aos homens e a punição violenta de todas as pessoas que tenham orientação sexual diferente da heterossexualidade; outro percentual, também aproximado, de 20%, é formado por pessoas que defendem ideias progressistas, como a autodeterminação de negros e mulheres, a fixação na terra de índios e de povos da floresta e a liberdade de orientação sexual. 

Indiferença - Há uma quantidade muito grande de pessoas, algo em torno de 60%, que não se posiciona publicamente, e cuja indiferença, desgraçadamente, favorece ações violentas contra negros, contra mulheres, contra homossexuais, contra os índios e povos da floresta. A omissão acaba por multiplicar (e legitimar) episódios de violência contra seres humanos. É assim que mortes e agressões acabam sendo perpetradas por fazendeiros, garimpeiros e madeireiros na região amazônica; e por racistas, machistas e homofóbicos nas grandes cidades.

Organização - A ideologia progressista é organizada por partidos políticos da esquerda brasileira, com destaque para o Partido dos Trabalhadores. O pensamento conservador não tem uma organização visível, mas está arraigado na sociedade. É mais simples convencer as pessoas de ideias retrógradas porque elas já existem. O "coiso" não é a única pessoa que defende ideias desumanas. Seus eleitores declarados e os que preferem se esconder atrás da cortina da neutralidade são, igualmente, imbecis e contribuem, ainda que involuntariamente, para a escalada do fascismo.

Convencimento - Convencer a enorme quantidade de pessoas que se declaram neutras é uma tarefa urgente da esquerda. Não é possível conviver com o avanço do fascismo, legitimado pela indiferença de parcela significativa das pessoas. Na sociedade capitalista, escolher ficar em cima do muro acaba por resultar na aprovação dos atos do sistema. 

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