
Reflexão - O reencontro das pessoas serviu para celebrar os 40 anos do momento especial que vivemos juntos, mas, ao mesmo tempo, teve o papel de refletir sobre os desafios que temos pela frente. A ditadura que foi enfrentada (e derrubada) pelos movimentos grevistas do final dos anos 70 do século passado tinha o mesmo conteúdo ideológico do governo fascista que hoje está em Brasília e que será derrotado. O tempo fez com que nossos cabelos ficassem grisalhos e alguns de nós têm dificuldades para andar, mas nunca nos afastamos do pensamento ideológico que nos animou, há quatro décadas, a realizar a greve que desafiou, ao mesmo tempo, o governo autoritário, o peleguismo e o patronato fascista.
Equilíbrio - Existem, aproximadamente, 20% de pessoas que defendem ideias retrógradas como a volta dos negros para as senzalas, a eliminação física de índios e de povos da floresta, a subordinação das mulheres aos homens e a punição violenta de todas as pessoas que tenham orientação sexual diferente da heterossexualidade; outro percentual, também aproximado, de 20%, é formado por pessoas que defendem ideias progressistas, como a autodeterminação de negros e mulheres, a fixação na terra de índios e de povos da floresta e a liberdade de orientação sexual.
Indiferença - Há uma quantidade muito grande de pessoas, algo em torno de 60%, que não se posiciona publicamente, e cuja indiferença, desgraçadamente, favorece ações violentas contra negros, contra mulheres, contra homossexuais, contra os índios e povos da floresta. A omissão acaba por multiplicar (e legitimar) episódios de violência contra seres humanos. É assim que mortes e agressões acabam sendo perpetradas por fazendeiros, garimpeiros e madeireiros na região amazônica; e por racistas, machistas e homofóbicos nas grandes cidades.

Convencimento - Convencer a enorme quantidade de pessoas que se declaram neutras é uma tarefa urgente da esquerda. Não é possível conviver com o avanço do fascismo, legitimado pela indiferença de parcela significativa das pessoas. Na sociedade capitalista, escolher ficar em cima do muro acaba por resultar na aprovação dos atos do sistema.
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