quinta-feira, 12 de abril de 2018

A lógica da delação e a exclusão midiática

Ameaças - Um dos delatores da operação "Lava a Jato", empresário do setor de obras públicas, ao ameaçar o presidente Lula com novas revelações, desvenda o funcionamento do processo de deduragem comandado pelo juiz curitibano e, ao divulgar as ameaças, a mídia tradicional reforça a suspeita sobre o presidente Lula e sobre o PT. Os depoimentos de delatores substituem provas, e podem provocar a expedição de sentenças condenatórias e de mandados de prisão. A delação, no entendimento do magistrado curitibano, dispensa a apresentação de provas e, no caso específico do presidente Lula, é utilizada seletivamente para disseminar o ódio contra ele e contra o PT. 

Seletividade I - A lógica não vale para figuras públicas de outros partidos políticos. Ao mesmo tempo em que as ameaças do empresário dedo duro chegavam ao conhecimento público, denúncias e suspeitas contra o candidato presidencial tucano foram enviadas à Justiça Eleitoral, saindo do foco da operação "Lava a Jato", o que evita qualquer possibilidade de prisão imediata do tucano que perdeu o direito a foro privilegiado, ao renunciar ao cargo de governador do estado de São Paulo para concorrer à presidência da república.

Seletividade II - Amigos do presidente ilegítimo, flagrados com dinheiro de procedência duvidosa, e acusados de fazerem parte de um esquema de financiamento de campanhas eleitorais do PMDB, também foram beneficiados pelo poder judiciário, beneficiados com a negativa de expedir mandado de prisão contra eles. Aconteceu a mesma coisa com amigos de Eduardo Cunha. 

Exclusão midiática - No dia de ontem, 11 de abril, aconteceram manifestações públicas em vários pontos do país. A mídia tradicional silenciou sobre os protestos contra a prisão do presidente Lula. Os protestos tiveram a participação de milhares de pessoas, mas, para os grandes veículos de comunicação, é como se eles não tivessem acontecido. A prática da exclusão midiática torna mais claro o comprometimento da mídia tradicional com o golpismo.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Ódio, a insensatez e a esperança

Legitimando o ódio - A mídia tradicional pretende legitimar um sentimento irracional, que produz expressões como a de uma senhora que, em relação ao presidente Lula afirmou que "deveriam ter seguido o conselho de jogar fora do avião". No mesmo comentário, a pessoa se refere aos apoiadores do presidente Lula como "seguidores imbecis". Em comentários veiculados em sites e portais dos grandes veículos de comunicação, não é incomum que o presidente Lula seja apontado como "criminoso da pior espécie, psicopata e baderneiro". Os comentários se referem aos apoiadores dele como "jumentos encantados, desocupados e vagabundos". Está evidente que a sentença condenatória do presidente Lula aconteceu por encomenda do golpismo. Não existem provas contra ele. Os autores de expressões de ódio, mesmo assim, estão vendo seus comentários serem veiculados nos grandes veículos de comunicação, em quantidade desproporcional à sua real existência na sociedade brasileira, e isto vai disseminando, na sociedade, o sentimento de ódio que dispensa qualquer argumento mais racional ou lógico. 

Influência midiática - O comportamento midiático, na disseminação de valores que contrariam a civilização humana, não é uma novidade. A divulgação sensacionalista de fatos violentos que ocorrem nas periferias das grandes cidades, por exemplo, ajuda a reforçar um senso comum que esses bairros são muito perigosos. A exposição sucessiva de crimes cometidos por menores de idade fornece argumentos para a defesa de ideias estapafúrdias como a diminuição da maioridade penal. A mídia tradicional, portanto, não é somente antipetista. Os grandes veículos de comunicação também disseminam valores que contrariam os avanços civilizatórios conquistados e construídos com o decorrer do tempo.

Organização e esperança - Ao contribuir para a disseminação do ódio, o antipetismo midiático ignora o fato de que o presidente Lula lidera todas as pesquisas de intenção de voto, e que o PT é o partido político da preferência da maioria da população brasileira. Desconsidera o fato importante de que os apoiadores do presidente Lula são homens e mulheres que lutam por um país melhor para todos e todas. Sindicalistas e integrantes de movimentos sociais populares compõem a base organizada do apoio ao presidente Lula, mas essa representação não explica a totalidade da simpatia que ele tem na população. As pessoas que apoiam o presidente Lula se sustentam em uma base social e popular e, ao contrário do discurso odioso do antipetismo, defendem e praticam a "Esperança".

As possibilidades de aprofundamento do golpe

Deslize - O ato falho da tarde de ontem, quando apresentadora de telejornal global chamou o presidente ilegítimo de "ex-presidente", pode não ter sido um equívoco na leitura de uma notícia, mas um aviso para que Michel Temer deixe o cargo que ocupa, com a maior brevidade possível. O golpismo, com a Rede Globo à frente, prefere um governo abertamente autoritário, comandado por militares, e já mostrou, mais de uma vez, integrantes do governo sem voto em situações suspeitas. A mídia tradicional pretende, também, reforçar, na opinião pública, a reprovação à corrupção, de modo a construir e consolidar a legitimidade do recrudescimento do golpe. 

Enfrentamento - Na opinião pública,  ao menos por enquanto, o enfrentamento do golpe é visto somente como um movimento de autodefesa do PT e da esquerda. Para que esta visão seja superada, e para que o enfrentamento se espalhe pela sociedade, será preciso que a brutalidade golpista comece a atingir pessoas e famílias da classe média brasileira, do mesmo modo que aconteceu com o golpe de 1964. Um enfrentamento mais global do golpe, desgraçadamente, terá mais chances de acontecer quando as pessoas de classe média (ou que se julgarem assim) perceberem uma interferência direta nas suas vidas.

Desistência - Um partido nanico anunciou, na tarde de ontem, sua desistência de ação judicial com pedido de liminar que, se aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), poderia reverter a decisão daquela corte constitucional em relação ao presidente Lula. O julgamento poderia recuperar o entendimento do STF sobre direito de defesa e trânsito em julgado, restabelecendo  a compreensão de que todos os acusados têm o direito de se defender (em liberdade) até o julgamento de todos os recursos em todas as instâncias do poder judiciário. 

Auxiliares - O episódio é revelador do papel dos pequenos partidos na situação atual. Fundados para ajudar o golpismo, os partidos nanicos servem para emprestar (ou alugar) seus parlamentares em votações de interesse do governo sem voto e, no espaço judicial, cumprem o papel de defender a legitimação de iniciativas golpistas. Ao anunciar a desistência, um dirigente da legenda disse, claramente, que a razão da retirada do processo era a possibilidade de que, se aprovado, ele pudesse beneficiar o presidente Lula.

terça-feira, 10 de abril de 2018

A "força da grana" e os movimentos sociais populares

Poder econômico - A organização da economia com base na propriedade da terra dominou o mundo por mais de um milênio. Ela foi substituída, na dominação da humanidade, pela sociedade industrial que, posteriormente, seria trocada pelo mercado financeiro. Os períodos rural, industrial e rentista têm, em comum, o estrito controle das instituições pelo poder econômico. Nas três fases da história recente da civilização humana, o poder do dinheiro controla as ações de reis e presidentes e, apesar de alguns avanços importantes no rumo da mudança, a "força da grana" ainda não foi superada. 

Civilização - Isto não significa, contudo, que não aconteceram avanços. As relações entre empresas e trabalhadores, por exemplo, têm algumas regras favoráveis à mão de obra, mas nem sempre foi assim. A jornada diária de trabalho já foi muito maior do que hoje e a exploração da mão de obra feminina e infantil já teve um volume muito grande. Os avanços civilizatórios nunca foram implantados por concessões do poder econômico, mas conquistados através de inúmeras mobilizações e greves. Algumas dessas mobilizações resultaram em mortes de trabalhadores, como a greve pela diminuição da jornada de trabalho e a luta das mulheres operárias. 

Supressão de direitos - O governo sem voto pretende suprimir os direitos conquistados pelos trabalhadores e pela maioria da população brasileira e, ao mesmo tempo, também quer diminuir os gastos públicos com políticas sociais. O objetivo do golpismo é assegurar a lucratividade da produção capitalista e garantir o repasse de valores ao mercado financeiro. As tentativas do governo sem voto (e de seus apoiadores) não acontecem sem resistência. Movimentos sociais populares enfrentam a supressão de direitos e há uma mobilização importante com o objetivo de evitar a redução (ou eliminação) de políticas públicas de inclusão social e de distribuição de renda. 

Ideias e projetos - A prisão do presidente Lula é uma tentativa do poder econômico, que não quer abrir mão de suas ideias de exploração. O presidente Lula representa a resistência dos movimentos sociais populares aos retrocessos, e também é a possibilidade concreta de implantação de políticas públicas de distribuição de renda e de inclusão social. A principal dificuldade do poder econômico, neste momento, é a de encontrar uma candidatura presidencial capaz de defender e viabilizar o seu projeto. A ordem de prisão contra o presidente Lula tem a pretensão de encarcerar os sonhos e projetos de milhões de pessoas, e isto eles não vão conseguir.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Religiosidade e militância

Opção militante - Episódios recentes, como a execução da vereadora Marielle Franco e a prisão do presidente Lula, me fizeram voltar no tempo para recordar os motivos de minha opção militante. A leitura de um texto do companheiro Régis Morais também contribuiu para a avaliação da minha vida de católico praticante. Minha caminhada começou quando eu ainda contava dezessete anos e o Brasil vivia sob o governo de uma sangrenta ditadura. A Igreja Católica, no Brasil de então, tinha como referências principais os documentos de Medellin e de Puebla, indicadores da opção preferencial pelos pobres; e as resoluções do Concílio Vaticano II, que definiram melhor, e mais precisamente, o papel dos cristãos leigos. A ausência de democracia política e a ampliação da concentração de renda e de riqueza (com o consequente aumento da pobreza) fizeram com que a Igreja Católica aprofundasse suas escolhas, para se dedicar à organização dos pobres e excluídos e para enfrentar o autoritarismo. A opção preferencial pelos pobres e o enfrentamento com a ditadura fizeram com que a minha religiosidade se tornosse, também, uma militância política que, mais tarde, iria se aprofundar e se transformar em opção partidária.

Ditadura - No final dos anos 70 do século passado, os espaços de organização dos trabalhadores e dos movimentos sociais populares eram muito poucos. Os sindicatos, na maioria dos casos, eram dirigidos por homens de confiança do governo autoritário. As reuniões e atividades aconteciam, em geral, em locais cedidos pela Igreja Católica, com a autorização expressa de integrantes da hierarquia e com a participação ativa de padres e freiras. Minha opção militante, então, foi determinada pela prática cristã e católica. Isso contribuiu para que eu tenha uma visão libertadora da religiosidade, o que me afastou, naturalmente, de opções mais místicas e distantes da realidade. A participação política se tornou uma rotina na minha vida, e no cotidiano de muitas outras pessoas que iniciaram a caminhada naquela época conturbada. Na missa de sétimo dia por Marielle Franco e na ocupação de São Bernardo do Campo eu tive a chance de rever muitas pessoas que continuam na mesma trincheira de luta, ou seja, que mantém o compromisso com a transformação social de nosso país e do mundo.
Aprendizado - Com o passar do tempo, eu aprendi a respeitar as diferenças que existem, dentro da Igreja e no mundo, e a conviver com a diversidade, como pressupostos de convivência pacífica e democrática. O restabelecimento de algumas liberdades democráticas na sociedade, a retomada de sindicatos pelos trabalhadores e a criação de espaços de reunião abertos ao povo fizeram com que a Igreja Católica promovesse uma relativização da atenção com os trabalhadores e com as classes populares. Minha opção pessoal, então, se tornou uma escolha militante mais explícita. Participei da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e me filiei ao Partido dos Trabalhadores (PT) e, especialmente por causa disso, me afastei da participação eclesial cotidiana. Aprendi, entre muitas outras coisas, que a caridade individual, embora necessária, pode ser inútil se não mudarmos as estruturas que produzem mais fome e mais miséria. Muitos dos valores assimilados na época que eu iniciei minha militância são importantes até os dias de hoje. Foi a convivência com a diversidade e com a democracia que me animaram a retomar a vida na comunidade de fé. É a certeza de que a luta contra as injustiças é um compromisso cristão e católico que me incentivam a continuar sendo militante.  

domingo, 8 de abril de 2018

Os sonhos nunca serão encarcerados

Seletividade - O discurso de adversários e inimigos do presidente Lula, concentra-se na corrupção de mandatários eletivos, mas dirige seus ataques ao Partido dos Trabalhadores e a seus integrantes. A seletividade não ocorre apenas entre inimigos e adversários declarados do PT. A exposição midiática recorrente de figuras públicas petistas fizeram com que a identificação do PT com a corrupção política fosse incorporada pelo senso comum. A narrativa sobre corrupção foi utilizada contra o PT e contra a esquerda, através dos meios de comunicação, com o objetivo de reforçar o golpe contra os direitos da maioria da população brasileira. O mesmo expediente já foi usado outras vezes (contra Getúlio Vargas e contra João Goulart, por exemplo), e teve o mesmo objetivo de desmontar políticas públicas de inclusão social e de favorecer o capital internacional.

Mobilização - O mandado de prisão, expedido pelo juiz de Curitiba, teve o objetivo de promover a humilhação pessoal de uma figura pública do PT e, ao mesmo tempo, de envergonhar os que o defendem e que lutam pelos mesmos sonhos do presidente Lula. Ele deixou de ser uma pessoa para se tornar, diante do país, a expressão viva de um projeto de sociedade onde exista justiça e igualdade. A quantidade de pessoas que se mantiveram na vigília de São Bernardo do Campo é uma demonstração da identidade do povo com o presidente do povo. Não existe outra figura pública capaz de produzir mobilização dessa dimensão. A liderança nas pesquisas de opinião, e a possibilidade de vitória eleitoral, ainda no primeiro turno, provocaram a ira do golpismo e a decretação da prisão, mas, ao mesmo tempo, atiçaram a disposição de lutadores que sonham o mesmo sonho de igualdade e de justiça do presidente Lula. E os sonhos sempre serão livres. Nunca serão encarcerados.

Mídia - Os grandes veículos de comunicação deram destaque a comemorações de antipetistas sobre episódios que envolvem o presidente Lula. Um brinde às 17 horas da sexta feira, com participação minguada e diminuta, celebrou sua condição de "foragido". A oferta de cerveja grátis, feita pelo proprietário de um prostíbulo de luxo, buscou destacar a expedição do mandado de prisão como momento importante. E o espoucar esparso de fogos de artifício, quando da sua condução para Curitiba, pretendeu amplificar o antipetismo e a reprovação ao presidente Lula. O esforço da mídia golpista, no entanto, não teve sucesso. A insensatez dos que celebram, com champanhe, a punição de um ex-presidente, a maluquice de um gigolô, oferecendo bebida alcoólica de graça, e a insanidade de fogueteiros eufóricos não foram maiores nem mais importante do que a vigília em São Bernardo do Campo. Os sonhos de milhões de brasileiros e brasileiras são maiores do que o golpismo e, apesar da prisão do presidente Lula, continuamos sonhando, e lutando para transformar sonhos em realidade.

sábado, 7 de abril de 2018

As imagens e o futuro do Brasil

A imagem ideal do presidente Lula descendo do carro de som, em frente à sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e sendo carregado em triunfo por militantes, tinha que ser apagada da retina das pessoas. O conservadorismo armou uma outra cena, e os grandes veículos a mostraram, repetidas vezes, em rede nacional. A radicalização (compreensível) dos militantes pode ter fornecido combustível para a ação de elementos infiltrados, que teve o objetivo de produzir a exposição midiática de uma humilhação planejada pelo golpismo. Mas para os militantes sindicais e para as lideranças dos movimentos sociais populares presentes em São Bernardo do Campo, a imagem que sempre estará presente é a de um presidente do povo.

A mídia tradicional não mostraria a cena do presidente Lula nos ombros dos militantes do PT e dos movimentos sociais populares. Isso faria com que a palavra de ordem "Lula na cadeia" ficasse muito frágil (e quase imperceptível). A imagem triunfal do presidente Lula tornaria ainda mais forte a certeza que temos (e que sempre teremos) de que ele representa a vontade da maioria do povo brasileiro, e que é a expressão viva de um projeto democrático e popular para o país. Os grandes veículos de comunicação fazem parte do golpismo, desde muito tempo, e a justificativa das imagens serviram, mais uma vez, para comprovar esse comprometimento. 

As classes populares e suas representações nunca vão se calar diante da exploração capitalista. Sempre vamos perseguir uma outra forma de organização da sociedade. Teremos percalços e dificuldades, mas os acontecimentos desta semana vão reforçar os que defendem a ação direta e o fortalecimento de meios de comunicação alternativos à mídia golpista. O caminho não será simples e os desafios serão enormes, mas a profundidade das mudanças exigirá uma postura cada vez mais ofensiva por parte de militantes, ativistas e dirigentes. O futuro será de igualdade e de justiça social por causa do período histórico que estamos vivenciando. A luta será árdua, mas seremos vitoriosos.

O futebol e a defesa da vida

Espetáculos - Sempre gostei de ir a estádios de futebol. As torcidas sempre me fascinaram. Mais do que as disputas das partidas, as cenas d...